
As declarações da atriz Taís Araújo no Instagram sobre o pedido de recasamento de Lázaro Ramos encheram de amor a web. Mas quem é a Orquestra que a Raquel, de “Vale Tudo”, cita no meio do story? / Foto: Divulgação
Conheça a história da Orquestra que tocou no recasamento de Taís Araújo e Lázaro Ramos
Criada em 2010 por Carlos Eduardo Prazeres, a Orquestra Maré do Amanhã nasceu com o propósito de levar música clássica a uma das comunidades mais vulneráveis do Brasil. Ao longo de 15 anos, o projeto já atendeu mais de 17 mil crianças e jovens, oferecendo formação musical gratuita, oportunidades de carreira e uma perspetiva de futuro para além da realidade marcada pela violência e pela exclusão social.
Em 1999, o pai de Carlos Eduardo, o maestro Armando Prazeres, foi sequestrado em Laranjeiras e assassinado. As causas nunca foram esclarecidas, mas o carro do maestro foi encontrado no Complexo da Maré. Onze anos depois, Carlos Eduardo fundou a OMA com o lema: “o neto do assassino do meu pai não será bandido”.
Com um repertório que vai de Bach a Luiz Gonzaga, a OMA já se apresentou em palcos de prestígio no Brasil e no exterior, incluindo tournées pela Europa, Festival de Sines em Portugal, Rock in Rio e até para o Papa Francisco no Vaticano. A orquestra também já dividiu o palco com nomes como Gilberto Gil, Roberto Menescal e Alcione, mostrando que a música erudita pode dialogar com diferentes gêneros e públicos.
Para além das apresentações, a OMA mantém um compromisso com a educação e a cidadania: oferece aulas de teoria musical, instrumentos e prática orquestral a centenas de alunos, muitos dos quais hoje seguem carreira profissional na música ou em áreas relacionadas.
Ao transformar um simples pedido de casamento num espetáculo de emoção e arte, a Orquestra Maré do Amanhã volta a mostrar que a música tem o poder de criar memórias, derrubar barreiras e abrir portas para um futuro melhor.
MAIS SOBRE A ORQUESTRA MARÉ DO AMANHÃ
Em 2025, a Orquestra Maré do Amanhã celebra 15 anos de uma trajetória marcada pela arte, educação e transformação social. Criada no Complexo da Maré, um dos maiores e mais violentos conjuntos de favelas do Rio de Janeiro, a iniciativa democratiza o acesso ao ensino de música, oferecendo uma oportunidade concreta de futuro para milhares de crianças e jovens em situação de vulnerabilidade. Até hoje, mais de 17 mil pessoas foram impactadas diretamente pela OMA.
Com atuação em 30 escolas públicas da Maré e uma sede própria desde 2018, a Orquestra mantém hoje oito núcleos artísticos, incluindo a premiada Camerata Jovem (eleita Melhor Orquestra do Brasil em 2019 e 2021 pelo Prêmio Profissionais da Música), além de duas orquestras mirins, grupos intermediários e avançados, corais infantis e juvenis, e um núcleo de musicalização infantil. O projeto se expandiu ainda para o Norte do país, com dois núcleos ativos em Porto Trombetas, distrito de Oriximiná (PA), onde ensina música em comunidades ribeirinhas e quilombolas.
A Orquestra Maré do Amanhã foi declarada Património Cultural Imaterial do Rio de Janeiro, em 2023. Mais um grande feito que se junta a tantos outros como as turnês na América do Sul e na Europa; as apresentações para o Papa Francisco, no Vaticano, em 2017 e 2024; o concerto no Réveillon de Copacabana, com Anitta, para 2,5 milhões de pessoas; o desfile no Sambódromo com a bateria da Escola de Samba Beija-Flor em 2016; e a participação no Palco Favela do Rock in Rio 2019, tocando clássicos do rock nacional e internacional. Em 2018, a história da orquestra foi retratada no documentário “Contramaré”, dirigido por Daniel Marenco.
Impacto social e cultural
Em 2024, a Orquestra beneficiou diretamente 4.407 crianças e jovens, sendo 85% pretos e pardos. A faixa etária predominante é de 4 a 7 anos, refletindo a aposta na educação musical desde a infância. Ao considerar os efeitos sobre os agregados familiares, o impacto indireto alcançou no ano passado mais de 12 mil pessoas, em uma comunidade com 140 mil moradores.
As atividades são intensas, com mais de 3.100 horas/aula por ano, em disciplinas como violino, viola, violoncelo, contrabaixo, flauta doce e flauta transversal, além de canto coral, teoria e prática de orquestra. Os jovens músicos participam ainda de 80 concertos didáticos anuais em escolas públicas e apresentações em importantes teatros da cidade do Rio de Janeiro.
Na sede da Orquestra, todos os alunos têm acesso a atendimento psicológico e a um tratamento fisioterapêutico especializado na saúde do músico, pioneiro no Brasil e reconhecido internacionalmente como referência na área.
Núcleo formativo
Em 2025, a Orquestra Maré do Amanhã criou um núcleo formativo voltado para o desenvolvimento profissional de alunos vocacionados com mais de 25 anos. O grupo está sendo preparado por professores de universidades brasileiras e internacionais para seguir dois caminhos possíveis: o ingresso em cursos superiores de música ou a atuação em orquestras profissionais.
Como parte dessa formação, os músicos também têm aulas de inglês, com o objetivo de ampliar o acesso a oportunidades internacionais. Em fevereiro deste ano, cinco alunos participaram de um intercâmbio na University of Missouri, nos Estados Unidos. Já o violinista David Vicente está atualmente em Cremona, na Itália, reconhecida como a capital mundial da luteria, onde se dedica ao estudo da construção artesanal de instrumentos de corda.
Estrutura sustentável e comprometida
A sede atual da Orquestra Maré do Amanhã, com 356 metros quadrados, conta com acessibilidade total, sistema de captação de água da chuva e energia solar, evitando a emissão de 1,2 toneladas de carbono por ano. O projeto administra 476 instrumentos musicais, possui dois veículos próprios e gera 44 empregos diretos nas áreas administrativa, pedagógica, produção e comunicação.
Com 15 anos de história, a Orquestra Maré do Amanhã se consolida como um exemplo de como a cultura pode ser instrumento de cidadania, inclusão e potência. Em cada nota tocada por seus alunos, ecoa a esperança de um Brasil mais justo, com mais oportunidades e menos desigualdade.
A Orquestra Maré do Amanhã tem como patrocinadora master e mantenedora a Galp. Também patrocinam a OMA: State Grid. Google, Dasa, Assim Saúde, Parnaíba Transmissora de Energia, Teles Pires Transmission, BMTE, JSL, Prefeitura do Rio de Janeiro.
Por Natálie Iggnacio: