Reunião de Ministros do Meio Ambiente de países da região durante a COP30 / Foto: Divulgação
OTCA destaca avanços na COP30 e reforça a cooperação regional pela Amazônia
Ao avaliar o impacto da COP 30, a primeira realizada na Amazônia, a
Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) entende que o
encontro rendeu bons resultados para seus oito países-membros, com a
reafirmação de uma mensagem central: diante da crise climática, a
cooperação regional não é apenas necessária, mas inevitável.
Martín von Hildebrand,
secretário-geral da entidade, ressalta que o destino da Amazônia é
compartilhado. Ele afirma que a floresta funciona como um organismo
vivo, e que a umidade que circula no bioma alimenta a agricultura, a
água potável e a energia de toda a região. Sem esquecer, por outro lado,
de que o impacto do desmatamento ultrapassa fronteiras.
Em sua opinião, “a atuação da OTCA
durante a COP reforçou o compromisso com uma governança regional baseada
no conhecimento científico e na visão ancestral dos povos amazônicos,
para quem a floresta é uma rede viva de relações inseparáveis. A
Amazônia só funciona em sua integridade”, afirma.
Na COP30, o Pavilhão da América
Latina, Caribe e Amazônia, uma parceria com o Banco de Desenvolvimento
da América Latina e Caribe (CAF), recebeu cerca de 20 eventos em que
foram debatidos assuntos de interesse para a Amazônia, com especialistas
da OTCA e seus convidados. O local também foi palco da experiência
interativa com o Observatório Regional Amazônico (ORA), com mapas e
informações georreferenciadas do bioma amazônico como um exemplo
pioneiro de compilação regional de dados científicos.
Houve, ainda, a formalização de
compromissos imprescindíveis para a agenda amazônica. Por exemplo, na
Reunião de Ministros do Meio Ambiente de países da região foi retomada a
Comissão Especial de Meio Ambiente e Clima para ações integradas de
adaptação e proteção da floresta.
A ministra dos Povos Indígenas do
Brasil, Sonia Guajajara, e o ex-presidente colombiano e Prêmio Nobel da
Paz, Juan Manuel Santos, estiveram no Pavilhão da OTCA em Belém para
discutir o recém-criado Mecanismo Amazônico dos Povos Indígenas (MAPI),
que terá a composição paritária entre delegados governamentais e
indígenas, garantindo participação efetiva dos povos indígenas na agenda
regional.
E foi apresentado o Mecanismo
Amazônico de Cooperação e Ação (MACA), uma iniciativa financeira
regional, com meta de mobilizar 250 milhões de dólares em 10 anos para
biodiversidade, florestas, água e ações contra o ponto de não retorno.
Além disso, o Ministério do Meio
Ambiente e Mudança do Clima (MMA) do Brasil e o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) brasileiro confirmaram a
elegibilidade para o financiamento de R$ 55 milhões do Fundo Amazônia.
Com isso, o Projeto OTCA – Florestas e Mudanças Climáticas – fortalecerá
sistemas de monitoramento florestal e combate ao desmatamento, com
suporte tecnológico do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE),
em todos os países-membros da OTCA.
Outro marco da COP 30 foi o
Programa Regional de Gestão Integral do Fogo (GIF), um acordo firmado
pela OTCA com o Banco de Desenvolvimento KfW, em nome do Ministério
Federal Alemão de Cooperação Econômica e Desenvolvimento (BMZ), e o
Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA). O
Programa prevê um aporte de 18,7 milhões de euros para reforçar
capacidades nacionais e transfronteiriças de prevenção e resposta a
incêndios florestais de 2026 a 2029.
A OTCA firmou ainda cartas de intenção com o Painel Científico pela Amazônia (SPA) e com a Associação de Universidades Amazônicas (UNAMAZ) para ampliação de cooperação científica, tecnológica e educacional na região.
Por Fábio Bahr
