Lula listou, durante a entrevista, medidas já implementadas para tornar a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30) mais segura e pacífica para os participantes - Foto: Ricardo Stuckert/Secom-PR
Às vésperas da COP30 em Belém, Lula apresenta à imprensa estrangeira medidas de segurança pública e combate ao crime
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva
enfatizou, nesta terça-feira, 4 de novembro, na Base Naval de Val de
Cães, em Belém (PA), durante coletiva de imprensa com jornalistas
estrangeiros, que o Brasil investiu em segurança pública na capital
paraense, nas regiões fronteiriças e em todo o país. E que o Governo do
Brasil atua no combate ao crime organizado por meio de ações de
inteligência.
Lula também listou medidas já
implementadas para tornar a Conferência das Nações Unidas sobre as
Mudanças Climáticas de 2025 (COP30) mais segura e pacífica para líderes
mundiais, cientistas, organizações não governamentais e representantes
da sociedade civil que estão na cidade para discutir ações de combate às
mudanças do clima. O primeiro dos grandes eventos da COP30 ocorre nesta
semana, com a Cúpula de Chefes de Estado, nos dias 6 e 7 de novembro.
Precisamos fazer investimento na área de
inteligência da polícia para que a gente possa combater o crime. Estive
em Manaus inaugurando o CCPI, um centro coordenado pela Polícia Federal
brasileira com a participação de policiais de todos os países da América
do Sul que têm floresta amazônica e com participação também de
policiais dos estados brasileiros, além da Interpol. Um centro para
combater o narcotráfico e o crime organizado nas nossas fronteiras"
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Presidente da República
Entre as ações no campo do
enfrentamento a crimes, destaca-se a inauguração do Centro de Cooperação
Policial Internacional da Amazônia (CCPI Amazônia), em Manaus (AM). O
espaço, posicionado em localização estratégica, é voltado ao apoio na
segurança das delegações e autoridades estrangeiras que participam da
COP. O Centro funciona como ponto de intercâmbio de informações
estratégicas e de coordenação entre as diversas forças de segurança
nacionais e internacionais envolvidas no evento.
“Estive em Manaus inaugurando o CCPI,
um centro coordenado pela Polícia Federal brasileira com a participação
de policiais de todos os países da América do Sul que têm floresta
amazônica e com participação também de policiais dos estados
brasileiros, além da Interpol. Um centro para combater o narcotráfico e o
crime organizado nas nossas fronteiras e que está funcionando desde
setembro de 2025”, detalhou.
A iniciativa reúne forças de segurança
de nove estados da Amazônia Legal e de nove países sul-americanos com
fronteiras na região e representa modelo de integração e trabalho
conjunto na produção de resultados concretos no combate às organizações
criminosas transnacionais.
INCENTIVOS
O
presidente defendeu investimento nas forças de segurança e inteligência
orientando operações policiais para ampliar o combate às organizações
criminosas. “Precisamos fazer investimento na área de inteligência da
polícia para que a gente possa combater o crime. Em São Paulo, por
exemplo, a Polícia Federal descobriu uma fábrica que produzia mais de 3
mil rifles. Tinha gente dizendo que era importado, que era contrabando,
mas eram feitos lá, em uma fábrica. Foi desmontada uma parte em São
Paulo e em Minas Gerais, e fornecida para o Rio de Janeiro”,
exemplificou Lula. ‘Nesse pouco tempo em que estamos no governo, do
ponto de vista de ataque ao crime organizado, já fizemos muita coisa.
Foram muitas prisões e muitas práticas que já conseguimos destruir neste
país. Isso se a polícia tiver os incentivos necessários”, falou.
GLO
Além disso, foi
assinado, a pedido do governador do Pará, Helder Barbalho, o decreto
que autoriza o emprego das Forças Armadas em operações de Garantia da
Lei e da Ordem (GLO) entre 2 e 23 de novembro de 2025, em razão da
realização da COP30. Os eventos serão na capital Belém e incluem mais de
140 delegações estrangeiras, com mais de 50 chefes de Estado ou de
Governo.
A medida também contempla ações nos
municípios de Altamira e Tucuruí, voltadas à proteção de infraestruturas
críticas — como usinas hidrelétricas, portos, aeroportos, estações de
tratamento de água e vias de acesso. O propósito é assegurar a
integridade de instalações e serviços estratégicos durante o período dos
eventos.
INTEGRAÇÃO
As
Forças Armadas vão atuar em coordenação com os órgãos de segurança
pública federais e estaduais, com o objetivo de garantir a segurança das
delegações, chefes de Estado, autoridades estrangeiras e representantes
da sociedade civil, além de preservar a ordem pública e a normalidade
das atividades locais. A atuação do efetivo militar busca complementar a
capacidade operacional das forças policiais locais, contribuindo para a
proteção das áreas de realização da COP30 e da Cúpula de Líderes e para
o êxito dos eventos internacionais sediados no Brasil.
PEC DA SEGURANÇA
O
presidente reforçou ainda que o Governo do Brasil enviou ao Congresso
Nacional a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública,
que integra as esferas federal, estadual e municipal de segurança,
prevê financiamento estável e padroniza coleta de dados. O propósito é
garantir mais precisão e inteligência às políticas e fortalecer o
combate ao crime organizado.
“Precisamos definir como é que o
Estado brasileiro, como é que a União pode participar junto com os
estados sem interferir na autonomia deles. Tem sempre a celeuma de que a
União não pode se meter porque vai ferir a autonomia do estado. Então,
queremos saber como a União pode participar do combate ao crime
organizado sem interferir nas polícias estaduais. Por isso, mandamos uma
PEC ao Congresso que, possivelmente, será votada ainda nesta semana.
Quando aprovada, a gente vai ter mais facilidade”, explicou Lula aos
correspondentes internacionais.
ANTIFACÇÃO
O
presidente lembrou que a PEC da Segurança soma-se a outras iniciativas
federais no campo da segurança, como a assinatura do Projeto de Lei
Antifacção Criminosa, que amplia sanções, acrescenta a figura da facção
criminosa para a legislação e cria um banco nacional das organizações; e
a sanção da lei que reforça o combate ao crime organizado prevendo
penas de até 12 anos para conspiração e obstrução de ações contra
organizações criminosas e amplia prerrogativas de proteção a agentes
públicos envolvidos no enfrentamento.
“Mandamos uma lei, esta semana, uma
lei antifacção que aumenta a pena, que aumenta a punição para a gente
combater as facções organizadas que existem em São Paulo, no Rio de
Janeiro e em todos os estados do Brasil. Estamos trabalhando de forma
muito forte para que a sociedade possa viver em paz e com muita
tranquilidade”, argumentou Lula.
AMÉRICA DO SUL
Outro assunto tratado pelo presidente ao longo da entrevista coletiva
foi a tensão entre países da América do Sul e os Estados Unidos da
América. Ele destacou que a reunião da Comunidade de Estados
Latino-Americanos e Caribenhos e da União Europeia (Celac-UE) em Santa
Marta, na Colômbia, pode servir de ambiente apropriado para receber
discussões sobre a situação.
“Só tem sentido a reunião da Celac,
neste momento, se a gente for discutir essa questão dos navios de guerra
americanos aqui nos mares da América Latina. Tive oportunidade de
conversar com o presidente Trump [Donald Trump, presidente dos Estados
Unidos] sobre esse assunto, dizendo para ele que a América Latina é uma
zona de paz. Aqui não proliferam armas nucleares. No caso do Brasil, é
constitucional e eu tenho orgulho de ter sido constituinte e ter votado
para que não houvesse proliferação de armas atômicas e nucleares no
Brasil. Somos uma zona de paz, não precisamos de guerra aqui. O problema
que existe na Venezuela é um problema político que deve ser resolvido
na política”, ressaltou Lula.
O presidente reforçou que a solução
para o embaraço é o diálogo e o desejo coletivo pela manutenção da paz.
Ele citou como demonstração destes princípios a formação de um grupo que
atuou para evitar o isolamento internacional do país envolvido na
crise. Para isso, concretizou a proposta de constituir um grupo de
países para mediar a situação na Venezuela.
“Eu pedi ao presidente Trump que ele converse com o ex-presidente Bush [George W. Bush, ex-presidente dos Estados Unidos] para que ele conte o que fizemos em 2003, quando propus a criação de um Grupo de Amigos da Venezuela.”, finalizou o presidente.
Fonte: Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República
