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Longevidade masculina requer cuidados com a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de próstata
A crescente expectativa de vida é uma conquista significativa tanto para
a medicina quanto para cada indivíduo. Um dos principais desafios
associados ao envelhecimento dos homens é o câncer de próstata, que
afeta uma parcela significativa da população masculina.
A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) alerta para os riscos de
crescimento dos casos de câncer de próstata em todo o mundo. Com base em
dados do Ministério da Saúde, a SBU informou que a doença matou 17 mil
homens no Brasil em 2023, uma média de 47 por
dia.
A revista científica internacional Lancet, em pesquisa publicada
no primeiro semestre de 2024, prevê que o número de novos casos de
câncer de próstata deve dobrar nos próximos anos. A comissão de câncer
de próstata da respeitada publicação projeta que
os casos no mundo devem duplicar até 2040, passando de 1,4 milhão em
2020 para 2,9 milhões em 2040, devido ao aumento de expectativa de vida
global. A previsão é que aumente 85% o número de mortes (de 375 mil em
2020 para 694 mil em 2040).
No Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens. A
idade é um fator de risco importante, já que a incidência é maior em
pessoas com mais de 60 anos. O histórico familiar de câncer de próstata
também é um fator de risco, além do sobrepeso,
obesidade e tabagismo. Para os autores do estudo publicado na revista Lancet,
o envelhecimento da população e o aumento da expectativa de vida fazem
com que o número de homens mais velhos cresça ao longo dos anos,
aumentando o risco para o câncer de
próstata, já que a idade é um dos principais fatores associados ao
desenvolvimento do tumor.
Segundo a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), apesar do
aumento na incidência do câncer de próstata, a realização de exames
preventivos, como o PSA e o toque retal, tem mostrado uma tendência
preocupante de queda. O tabu e o preconceito ainda
são desafios encontrados para prevenção e diagnóstico da doença.
Segundo o urologista do Grupo Fleury, detentor da Diagnoson a+ na
Bahia, Dr. José Carlos Truzzi, embora o câncer de próstata possa ser
assintomático em suas fases iniciais, a detecção precoce
é crucial. “Quando identificado em estágios iniciais, as chances de
tratamento eficaz e cura são muito maiores. No entanto, estima-se que um
em cada quatro homens não faça os exames recomendados, o que pode levar
a diagnósticos tardios e aumento da mortalidade”,
afirma o médico.
Rotina de prevenção
Segundo o Dr.Truzzi, a rotina dos exames para homens está alinhada à
prevenção da doença e de um diagnóstico precoce. “O tumor do câncer de
próstata tem crescimento devagar, e detectar a doença mais cedo abre uma
janela para uma boa recuperação do paciente”,
diz o urologista.
De acordo com o médico, além do câncer de próstata, outras doenças
crônicas como diabetes e doenças cardiovasculares também estão ligadas
ao envelhecimento. A adoção de hábitos saudáveis – como alimentação
balanceada, atividade física regular e controle do
estresse – pode reduzir drasticamente o risco dessas doenças.
Conscientização que faz a diferença
O Dr. José Carlos Truzzi também chama a atenção para a importância de
uma jornada de conhecimento e para a quebra de paradigmas em relação à
saúde masculina, enfatizando que cuidar da saúde é um investimento na
qualidade de vida. “As consultas médicas regulares
e exames preventivos devem ser parte da vida do homem, especialmente
após os 45 anos. Iniciativas como o ‘Novembro Azul’ têm sido vitais para
aumentar a conscientização sobre o câncer de próstata e incentivar os
homens a buscarem cuidados médicos. No entanto,
ainda há um longo caminho a percorrer para desmistificar tabus e
encorajar discussões abertas sobre saúde masculina”, enfatiza.
A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) recomenda que homens a partir
dos 50 anos realizem exames de triagem, como o exame de toque retal e o
PSA (Antígeno Prostático Específico). Quando detectado em estágios
iniciais, o câncer de próstata apresenta uma taxa
de cura de até 90%. O exame de PSA mede a quantidade dessa proteína no
sangue, enquanto o toque retal permite ao médico avaliar diretamente a
próstata em busca de nódulos ou irregularidades. Para homens com
histórico familiar de câncer de próstata, como pai
ou irmão diagnosticados com a doença, a recomendação é iniciar os
exames ainda mais cedo, aos 45 anos.
“Além disso, é importante que os homens discutam suas preocupações com
um profissional de saúde para entender melhor os riscos e benefícios dos
exames, especialmente considerando que alguns casos podem não exigir
tratamento imediato. A conscientização e o diálogo
aberto sobre saúde masculina são essenciais para promover
envelhecimento saudável e prevenir doenças como o câncer de próstata”,
reforça o médico urologista.
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Por Andréia Vitório
