Foto: Divulgação/Arquivo pessoal
Os monstros se escondem à luz do dia
Em A mulher de negro, fantasia urbana escrita por Fabricio Azevedo, nem todos os habitantes de São Paulo são propriamente humanos. Os alapados, seres híbridos e metamorfos, moram na cidade mais populosa das américas sem que ninguém sequer desconfie de sua existência, porque parecem moradores como outros quaisquer. Alguns são empregados, têm endereço e até pagam impostos, mas essas criaturas ocultas preferem a noite, quando podem caçar, esconder-se e, no primeiro sinal da luz do dia, voltar às suas tocas, ninhos e tumbas.
Neste mundo desconhecido às pessoas comuns, um personagem foge à regra: Lucius. Enfermeiro, desde cedo lida com o peso de ter o “dom da visão”, herdado da mãe e da avó. Foi diagnosticado com esquizofrenia, caiu em vícios e precisou aceitar trabalhos que, durante a carreira, apenas ficaram sucessivamente piores. Tudo muda a partir do momento em que ele vê uma sombra sugando a energia de seu paciente e a empurra. Porém, ela é um estranho aracnídeo gigantesco que, ao ser descoberta, torna Lucius seu próximo alvo.
Vítima desse ser, o protagonista foge — até que encontra Joana, uma caçadora de criaturas, e sua leal amiga, Lilith. Quando as duas descobrem que ele está sendo perseguido por uma entidade extinta há séculos, inicia-se uma perseguição perigosa que colocará em risco suas vidas e desestabilizará o equilíbrio do mundo.
Toda cidade opera por certas regras. Paris é a cidade luz, em mais de um sentido do que as pessoas imaginam. Roma é eterna, em mais de uma direção. Uma das regras mais sagradas de São Paulo é que não interessa a hora ou para onde você vá, cedo ou tarde, você encontrará um congestionamento intransponível que durará até esgotar suas últimas reservas de paciência. Joana parou a moto. Mesmo pela calçada seria impossível passar. No corredor entre os automóveis, havia uma fila de outras motos esperando sua vez. O Carrapato estava se aproximando e com tantas pessoas em volta, lutar ali não era uma opção. (A mulher de negro, p. 74)
Fabricio Azevedo apresenta uma narrativa não linear, na qual os mesmos acontecimentos são contados em diferentes pontos de vistas, até chegar ao final. Com referências a letras de músicas, lendas urbanas, momentos históricos e curiosidades sobre importantes figuras do passado, a obra constrói uma trama que convida os leitores não somente a imergir em um universo fantástico, mas a explorar um mundo que também atravessa a realidade.
Lançamento inaugural de uma saga, cuja sequência intitulada de Joana e a Quinta Deusa está prevista para ser publicada no primeiro semestre de 2026, A mulher de negro mescla uma jornada intensa de reviravoltas com uma análise social crítica e um humor ácido. Entre as páginas, o livro destrincha as consequências dos preconceitos e das desigualdades que impactam o cotidiano dos personagens, além de trazer um olhar para os problemas de uma metrópole, que, assim como os alapados, escondem-se à vista de todos.
FICHA TÉCNICA
Título: A mulher de negro
Autor: Fabricio Azevedo
ISBN: 978-65-5074-197-6
Páginas: 154
Preço: R$ 38,90 (físico) | R$ 27,20 (e-book)
Onde comprar: Amazon / Editora Peresin
Sobre o autor: Fabricio Azevedo é jornalista formado pela UnB, com graduação em Publicidade e Marketing, além de mestrado em História e pós-graduação em Economia para Jornalistas. Atua como assessor de comunicação no Superior Tribunal de Justiça (STJ), colaborador da Revista Digital da UBC e colunista da Editora Perensin. Nascido em Juiz de Fora (MG), escreve desde jovem e agora estreia no universo literário com A Mulher de Negro, seu primeiro romance.
Por Victória Gearini
