Fabiane de Farias - analista de Recursos Humanos / Foto: Divulgação
Mães solo encontram no setor de telesserviços um caminho de acolhimento, estabilidade e crescimen
No Brasil, mais de 11 milhões de mulheres criam seus filhos sem a presença do outro genitor, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nesse contexto, o setor de telesserviços tem se destacado como uma porta de entrada profissional e um ambiente acolhedor para essas mães que, além da jornada dupla, enfrentam desafios sociais e econômicos.
De acordo com a Associação Brasileira de Telesserviços (ABT), mais de 70% dos profissionais do setor são mulheres. Para Gustavo Faria, diretor executivo da ABT, o compromisso com a empregabilidade feminina e com a diversidade social é parte essencial do ecossistema. “Nosso setor tem sido um verdadeiro motor de transformação na vida de milhares de mulheres. Ao oferecer oportunidades com flexibilidade, programas de apoio e possibilidades reais de crescimento, conseguimos não apenas empregar, mas acolher e impulsionar mães solo em suas jornadas. Essa sensibilidade é parte do nosso DNA”, comenta.
Aos 36 anos, Fabiane de Farias é analista de Recursos Humanos na Callink e mãe solo de quatro filhos: um casal de gêmeos, hoje com 19 anos, uma menina de 12 e a caçula, de apenas 4 anos. Ela entrou na empresa há 17 anos, quando os gêmeos tinham apenas dois anos — e desde então, construiu uma trajetória de superação e crescimento profissional.
“Quando decidi entrar no mercado de trabalho, o que me atraiu na Callink foi a jornada reduzida e o auxílio-creche. Eu precisava estar presente na vida das crianças, e o setor permitia isso. Comecei como operadora de atendimento, trabalhando seis horas por dia, o que me permitia levar e buscar meus filhos na escola e ainda ter tempo com eles”, relembra.
Durante cinco anos, Fabiane atuou na operação, enquanto conciliava a maternidade com o trabalho. Quando os filhos cresceram, decidiu investir na própria formação e iniciou a faculdade de recursos humanos. Foi nesse momento que ela passou a disputar oportunidades internas e, com dedicação, assumiu seu novo cargo no RH da empresa. “Eu estudava à noite e trabalhava durante o dia. Foi puxado, mas possível. A Callink sempre me ofereceu estabilidade e incentivo para continuar”, afirma.
Com o tempo, a família cresceu. Vieram mais duas filhas, e com elas, novos desafios — que Fabiane enfrentou com a mesma determinação. Hoje, ela reconhece a importância dos benefícios que recebeu ao longo da jornada. O atual programa da Callink voltado à maternidade se chama “Mamãe Nota 10”, iniciativa para gestantes e mães de primeira viagem com orientações práticas e apoio emocional. Embora não tenha participado diretamente
do programa, Fabiane reconhece seu valor. “Esse tipo de projeto é essencial para preparar emocionalmente as mães, criar uma rede de apoio e compartilhar vivências. Isso fortalece quem está passando por esse momento tão desafiador”, destaca.
Gleizy Del Carmen, de 29 anos, é analista bilíngue na Foundever. Refugiada da Venezuela, ela chegou ao Brasil há quatro anos, sozinha com a filha mais nova, então com apenas alguns meses de vida nos braços. A decisão de deixar o país de origem foi motivada pela crise econômica e pela busca de melhores condições para criar as filhas. Sem conhecer ninguém além de um irmão que vivia no país, enfrentou uma nova cultura, um idioma diferente e a solidão de ser mãe solo em um lugar completamente novo.
“Foi muito difícil no começo. Estava sozinha, com uma criança pequena, em um país novo. Mas o setor me acolheu. A Foundever me ajudou com documentação, regularização e orientação para trazer minha filha mais velha e começar uma nova vida aqui.” Segundo a ABT, mais de 3% das pessoas refugiadas que vivem hoje no país estão empregadas no setor.
Hoje, Gleizy vive em São Paulo com suas duas filhas, de 4 e 12 anos, e encontrou na empresa não apenas um emprego, mas uma rede de apoio. Desde que começou a trabalhar na Foundever, há um ano e sete meses, passou a integrar o projeto “Olha Elas”, uma iniciativa voltada exclusivamente para mães solo. O grupo promove encontros periódicos com especialistas sobre temas essenciais da maternidade e da vida prática — como saúde mental, educação financeira, direitos sociais e organização da rotina.
“Participei de uma reunião sobre finanças e aprendi a me organizar melhor, controlar os gastos da casa, cuidar do futuro das minhas filhas. São coisas que, para quem está sozinha, fazem muita diferença. Às vezes, pequenas informações mudam tudo. Quando você tem acesso ao conhecimento, consegue respirar um pouco mais aliviada,” explica.
A área de assistência social da Foundever também teve um papel importante em sua trajetória. Foi por meio do setor que Gleizy conseguiu informações sobre acesso a políticas públicas, matrícula escolar, orientação jurídica e suporte na chegada de sua mãe e da filha mais velha ao Brasil. “Mesmo longe do meu país, aqui me sinto em casa. As colegas de trabalho se tornaram família. O setor me abraçou quando eu mais precisei”, enfatiza.
