Foto: Divulgação/Arquivo O Candeeiro
Tecnologia amplia fronteiras no tratamento do câncer de próstata na Bahia
O
avanço de tecnologias cirúrgicas de alta precisão vem ampliando as
perspectivas para o tratamento do câncer de próstata na Bahia. A
cirurgia robótica, disponível no estado desde 2019, consolidou-se como
padrão de excelência ao permitir procedimentos minimamente invasivos,
com maior precisão e recuperação acelerada. Com visão tridimensional de
alta definição, instrumentos articulados, menor trauma cirúrgico e alta
precoce — muitas vezes em menos de 24 horas —, o método reduz riscos de
incontinência urinária e disfunção erétil, preservando qualidade de vida
e retorno rápido às atividades. Agora,
uma nova etapa desse processo se desenha. Na capital, o Hospital Mater
Dei Salvador (HMDS), em parceria com o Instituto Brasileiro de Cirurgia
Robótica (IBCR), se prepara para implantar a telecirurgia — modalidade
em que o cirurgião opera um robô remotamente, em tempo real e com
conexão ultrarrápida. A tecnologia representa a evolução da cirurgia
robótica e deve colocar o estado na vanguarda da técnica no
Norte-Nordeste. Nova era - De acordo com o urologista
Nilo Jorge Leão, coordenador do Serviço Urologia do HMDS e do IBCR, “um
dos avanços mais incríveis da atualidade é a telecirurgia. É iminente a
possibilidade de o HMDS contar com uma plataforma robótica que opere
pacientes à distância. Isso já aconteceu no Brasil. Inclusive, estamos
envolvidos em um projeto que, possivelmente, nos permitirá realizar as
primeiras telecirurgias do Norte-Nordeste”, afirma. No
país, o acesso à tecnologia também cresce. O Brasil já conta com cerca
de 200 plataformas robóticas instaladas e lidera a América Latina na
adoção do método. Mesmo assim, a interiorização e a democratização da
tecnologia ainda são desafios. O
avanço tecnológico convive com um cenário epidemiológico que exige
atenção. Estimativas indicam que a Bahia deve registrar cerca de 6.510
novos casos de câncer de próstata em 2025, figurando entre os estados
com maior proporção de diagnósticos em fase avançada, frequentemente já
incurável. O dado reforça a importância do rastreamento periódico e da
redução de barreiras culturais relacionadas à consulta com o urologista. Prevenção e movimento - Para
além da tecnologia, os especialistas destacam a importância de hábitos
saudáveis. “Tratar o paciente da forma mais eficiente e menos invasiva
possível é muito importante, mas estabelecer mudanças no estilo de vida
para evitar o adoecimento é ainda melhor”, afirma Leão. A prática
regular de atividade física é um dos pilares dessa estratégia —
reforçada pela Blue Run Salvador, corrida idealizada pelo médico, que
reuniu cerca de duas mil pessoas na orla de Salvador no último dia 1º.
Em 2026, a prova se tornará meia maratona, com expectativa de mais de
três mil participantes. Diagnóstico precoce
- A trajetória do técnico em radiologia Leonardo Bouças Ramos, 47,
ilustra os benefícios do diagnóstico precoce aliado à cirurgia robótica.
Após alteração do PSA aos 45 anos, exames complementares e diagnóstico
de câncer de próstata de risco intermediário, ele foi submetido à
prostatectomia robótica no HMDS. Recebeu alta no dia seguinte e
recuperou continência urinária e função sexual em poucos meses. Em
menos de uma semana, o caso foi discutido, a cirurgia indicada e o
pré-operatório iniciado. “Saber exatamente o que fazer, receber
informação confiável e contar com uma equipe preparada fez toda a
diferença. Eu nunca me senti sozinho nesse processo”, conta. Hoje,
Leonardo segue uma vida normal. “A tecnologia que preserva nervos e
vasos fez toda a diferença. Hoje vivo plenamente, com acompanhamento
regular e qualidade de vida”, afirma. Por Cinthya Brandão
