
Além de Alckmin, Rui Costa e Fernando Haddad participaram do encontro representantes de empresas e entidades de setores estratégicos, como Embraer, Weg, Tupy, Instituto Aço Brasil, Fiesp, Abimaq, Abicalçados, ABAL, ABIT, IBÁ, ABIMCI, Sindipeças, Sindifer, Centrorochas, Abrafe e RIMA - Foto: Cadu Gomes/VPR
Governo reúne setor produtivo para avaliar impacto e buscar soluções frente a tarifas dos EUA
O Governo
Federal realizou, nesta terça-feira, 15 de julho, a primeira reunião do
Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e
Comerciais. O encontro reuniu representantes da indústria nacional e
autoridades do governo para discutir os impactos da decisão unilateral
dos Estados Unidos de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, a
partir de 1º de agosto, e construir soluções conjuntas.
Coordenado
pelo vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento,
Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, o comitê tem
como missão inicial ouvir os setores mais afetados pela medida, avaliar
impactos econômicos e deliberar sobre contramedidas provisórias, além de
acompanhar as tratativas diplomáticas em curso.
"A
reunião foi muito proveitosa. Ouvimos todos os setores com maior fluxo
de comércio com os Estados Unidos — desde aviação, aço, alumínio,
máquinas, têxteis, calçados, papel e celulose. O que vimos foi um
alinhamento em torno da negociação. Eu trouxe a mensagem do presidente
Lula de empenho para rever esta situação”, afirmou Alckmin.
Em um
momento de recorde de fluxo comercial entre os dois países, Alckmin
frisou que a decisão do presidente Donald Trump é incompreensível. "De
janeiro a junho deste ano, as exportações do Brasil para os Estados
Unidos aumentaram 4,37% e dos Estados Unidos para o Brasil aumentaram
11,48%. Momento em que é recorde a exportação dos Estados Unidos para o
Brasil, quase três vezes mais do que a nossa exportação, estaremos
unidos para reverter essa decisão", explicou.
Segundo o
vice-presidente, o setor produtivo se comprometeu a dialogar com seus
parceiros nos Estados Unidos — compradores, fornecedores e empresas
congêneres — para negociar o prejuízo bilateral causado pelas tarifas.
"É uma relação importante que repercute também nos Estados Unidos,
podendo encarecer produtos e encarecer a economia americana. É uma
oportunidade, inclusive, para abrirmos espaço para novos acordos
comerciais", argumentou.
UNIÃO
Após a reunião, o presidente da Confederação Nacional da Indústria
(CNI), Ricardo Alban, afirmou que o setor está unido na busca por uma
solução negociada. "O que temos aqui é um verdadeiro perde-perde. Não
faz sentido econômico, social ou geopolítico. Estamos convergentes com o
governo e confiantes de que é possível contornar essa situação", disse.
Alban também reforçou que o Brasil não pretende reagir de forma precipitada ou hostil. "O Brasil não pretende ser reativo intempestivamente. O que nós entendemos dessa reunião é que o Brasil não se precipitará de forma nenhuma em medidas de retaliações para que elas não sejam interpretadas como simplesmente uma disputa. O que nós queremos é um entendimento”, resumiu.
O
presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP),
Josué Gomes da Silva, manifestou otimismo quanto à retomada do diálogo
com os Estados Unidos. “Nós temos absoluta confiança que os mais de 200
anos de boas relações diplomáticas e comerciais com os Estados Unidos,
que são os maiores investidores diretos estrangeiros no Brasil, não vão
se romper dessa maneira. Pelo contrário, vamos chegar a um
entendimento”, disse.
Josué
também reafirmou o engajamento da indústria brasileira no esforço
conjunto por soluções que beneficiem os dois lados. “Vamos dar todo o
suporte, todo o apoio para que o Brasil chegue a um entendimento em
benefício das populações e empresas brasileiras e americanas”, concluiu.
Participaram
do encontro representantes de empresas e entidades de setores
estratégicos da economia nacional, como Embraer, Weg, Tupy, Instituto
Aço Brasil, Fiesp, Abimaq, Abicalçados, ABAL, ABIT, IBÁ, ABIMCI,
Sindipeças, Sindifer, Centrorochas, Abrafe e RIMA.
COMITÊ
A
regulamentação do Comitê foi assinada nesta terça-feira, 15 de julho,
no mesmo decreto que regulamenta a Lei da Reciprocidade Econômica. O
texto estabelece critérios para suspensão de concessões comerciais, de
investimentos e de obrigações relativas a direitos de propriedade
intelectual, em resposta a medidas unilaterais adotadas por países ou
blocos econômicos que impactem negativamente a competitividade
internacional brasileira.
Integram o
Comitê os ministros do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços
(MDIC), que o presidirá, da Casa Civil da Presidência, da Fazenda e das
Relações Exteriores. A Secretaria-Executiva do Comitê será exercida pela
Secretaria-Executiva do MDIC. Outros ministros podem participar das
reuniões de acordo com os temas tratados.
Fonte: Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República