
Foto: Moreno Nobre
Brasília: Sessão Solene pelos 35 anos do ECA destaca avanços e desafios na proteção da infância no Brasil
A Câmara dos Deputados realizou, nesta terça-feira (15), uma Sessão
Solene em homenagem aos 35 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA). A proponente da solenidade, a deputada federal baiana, Lídice da
Mata, destacou a relevância do ECA como base legal de importantes
políticas públicas no país.
“Vacinas, permanência escolar e tantos outros direitos têm o ECA como
alicerce. Enfrentamos o avanço de discursos que associam o Estatuto a
permissividade. O ECA é uma lei muito combatida por aqueles que
preservam uma visão de um passado punitivo. Por isso, reafirmo meu
compromisso com a defesa da infância e da juventude, e deixo um apelo a
esta Casa: que sigamos unidos na construção de políticas públicas
integradas, sustentáveis e humanizadas, que façam valer, na prática, a
prioridade absoluta prevista em nossa Constituição e na materialização
do ECA. Viva seus 35 anos", defendeu a parlamentar.
A Sessão foi presidida pela deputada federal Laura Carneiro (PSD-RJ),
e contou com a presença de autoridades como Maria do Rosário,
ex-ministra e deputada federal (PT-RS), parlamentares e representantes
da sociedade civil. O secretário de Justiça e Direitos Humanos da Bahia
(SJDH), Felipe Freitas, foi um dos convidados à mesa. Em seu
pronunciamento, celebrou os avanços trazidos pelo Estatuto e alertou
para os desafios atuais.
Luta Social - “Hoje é dia de comemorar e de fazer memória da luta
social que originou esse marco legal. Mas, também, é dia de olharmos
para frente e enfrentarmos ameaças que colocam em risco os direitos das
nossas crianças e adolescentes”, afirmou o secretário que, em seu
discurso, destacou a necessidade de combater a violência armada nas
periferias brasileiras e defender os jovens do genocídio juvenil.
Violência armada - “Não podemos ficar indiferentes ao fato de
que jovens estão sendo vítimas de violência armada nos territórios
periféricos do nosso país. Precisamos de políticas públicas amplas e
também de iniciativas que regulem o uso da força pelo Estado. A adoção
de câmeras corporais nas fardas dos policiais, por exemplo, é uma medida
que pode garantir mais transparência e proteger a vida de
adolescentes”, declarou.
Proteção digital - Ele também defendeu o Projeto de Lei
4773/2023, de autoria da deputada Lídice da Mata, que obriga plataformas
digitais a removerem conteúdos que exponham crianças e adolescentes a
situações discriminatórias ou de risco. “É uma medida corajosa, que dá
concretude ao princípio da prioridade absoluta. Não podemos permitir que
grandes conglomerados econômicos violem direitos fundamentais em nome
do lucro”, afirmou.
A sessão solene contou com a presença, pela SJDH, de Iara Farias,
coordenadora de Proteção à Criança e ao Adolescente da Superintendência
de Apoio e Defesa aos Direitos Humanos; e Regina Affonso, diretora-geral
da Fundação da Criança e do Adolescente da Bahia (Fundac); que
acompanharam os debates e reforçaram o compromisso da Bahia com a defesa
da infância.
Presença da SJDH no Seminário Nacional "Justiça Social e Ambiental”
Além da sessão solene, representantes da Secretaria de Justiça e
Direitos Humanos da Bahia participaram do seminário “35 Anos do ECA:
Justiça Social e Ambiental”. O evento foi promovido pelo Ministério dos
Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), em parceria com o Conselho
Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) e a
Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO).
O seminário, que segue até 17 de julho, em Brasília, reúne
representantes do governo federal, sociedade civil, parlamentares e
órgãos do sistema de garantia de direitos. A programação inclui
oficinas, painéis temáticos, lançamento de publicações e atividades
interativas, que reforçam a importância do ECA como instrumento para uma
sociedade mais justa e inclusiva.
Regina Affonso e Iara Farias prestigiaram o seminário, reafirmando o
compromisso da Bahia com a efetividade do Estatuto e com a construção de
políticas públicas de proteção à infância e à adolescência,
especialmente em contextos de desigualdade social e ambiental.
ECA: 35 anos de avanços
Promulgado em 13 de julho de 1990, o Estatuto da Criança e do
Adolescente é considerado o marco legal mais importante na proteção dos
direitos de crianças e adolescentes no Brasil. A legislação estabeleceu a
doutrina da proteção integral e atribuiu responsabilidades
compartilhadas entre Estado, família e sociedade. Na Bahia, o ECA
impulsionou a criação de Conselhos Tutelares, Conselhos de Direitos e
delegacias especializadas, além de fortalecer o Sistema de Garantia de
Direitos (SGD).
Fonte: Ascom/SJDH