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A infância pede passagem: livro mostra que brincar é conhecimento, vínculo e potência
Como um sopro de vento que nos leva de volta à infância e lembra que, antes do adulto apressado, existiu uma criança curiosa, Brincadeira é coisa séria resgata o brincar como direito, linguagem e potência. A atividade lúdica livre é um fator de proteção para a saúde mental, em uma era que o uso de dispositivos eletrônicos, a ansiedade e o estresse são comuns.
Organizado por Barbara Buck, pós-graduada em Políticas Públicas e Serviço Social, e por Issaka Maïnassara Bano, doutorando em Sociologia e mestre em Educação, o livro nasce de uma inquietação que ecoa em escolas e comunidades: os pequenos não brincam como antes. Ao longo das páginas, as vivências reais em jogos, faz de conta, histórias, cantigas e invenções espontâneas revelam que essas experiências continuam sendo essenciais para o desenvolvimento emocional, cognitivo e social.
A obra, publicada pela Cortez Editora, registra a jornada de um projeto realizado pela OSC Gaiato em parceria com a Fundação Abrinq, reunindo crianças, jovens, adultos e idosos, dos seis aos noventa anos, em um propósito comum: reafirmar a importância de vivenciar um tempo com diversão. Salões, jardins, cantinhos temáticos ou uma simples mesa podem virar convites para inventar histórias, combinar regras, negociar conflitos e descobrir potências.
Entre jogos que carregam as memórias indígenas e quilombolas, rodas, atividades de imaginação, brinquedos simples e momentos ao ar livre, o livro revela como cada gesto brincante ensina algo. Jogos de tabuleiro desenvolvem raciocínio; cordas, elásticos e bambolês fortalecem o corpo; bonecas e objetos simbólicos organizam sentimentos; bolas e propostas cooperativas aproximam as crianças e ampliam suas formas de se relacionar.
Este manifesto também evidencia como essas experiências criam e restauram vínculos. Famílias, ao relembrarem as próprias infâncias, resgataram recordações guardadas, algumas ternas, outras silenciadas pelo peso das responsabilidades. Compartilhadas com os pequenos, essas lembranças viraram pontes entre gerações.
Com ilustrações de Betão VidaCrew, a obra é leve e profunda ao mesmo tempo. Reafirma que a atividade lúdica não é passatempo: é formação humana. Brincadeira é coisa séria convida adultos, educadores e responsáveis a lembrar que, quando a criança brinca, ela está aprendendo a viver.
Ficha Técnica:
Título do livro: Brincadeira é coisa séria
Organizadores: Barbara Buck e Issaka Maïnassara Bano
Editora: Cortez Editora
ISBN/ASIN: 6555556056
Páginas: 160
Preço: 87,00
Onde comprar: Amazon
Sobre os organizadores:
Barbara Buck é pedagoga, pós-graduada em Serviço Social e Políticas Públicas, dançarina de flamenco e mãe de Galeano, que tinha cinco ou seis anos enquanto este projeto/livro foi gestado. Como profissional do Gaiato, integrou de forma comprometida o Conselho Municipal dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes, onde teve a oportunidade de conhecer mais sobre o Sistema de Garantia de Direitos, sua importância e desafios.
Issaka Maïnassara Bano é doutorando em Sociologia pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e mestre em Educação pela Faculdade de Educação da Unicamp. É membro do Núcleo de Estudos Carolina Maria de Jesus (Bitita) – Unicamp – e pesquisador do Centro de Estudos Rurais e Urbanos da Universidade de São Paulo (USP). Tem experiência na área de imigração, sociologia, educação e literaturas africanas.
Sobre o ilustrador: Betão VidaCrew é cofundador do grupo de Grafite “Vida Crew”, grafiteiro, artista plástico, arte-educador, produtor cultural e articulador social. Há 28 anos, Betão VidaCrew dedica-se à arte urbana e às artes plásticas, sendo 23 deles atuando intensamente como arte-educador. Ao longo de sua trajetória, participou de festivais de grafite e arte urbana pelo Brasil e pela América Latina, como o Zig Zag Festival em La Plata (Argentina); de edições do Projeto Voa Livro (Caçapava-SP).
Sobre a Cortez Editora: Foi
a solidez do trabalho feito que estimulou a Cortez Editora a expandir e
mostrar ao mundo toda a riqueza da cultura brasileira e a densidade
ímpar de seus autores. Seu catálogo é referência nas áreas de Literatura
Infantil e Juvenil, Educação, Serviço Social, Ciências da Linguagem,
Ciências Sociais, Ciências Ambientais e Psicologia.
Por Caroline Arnold
