
Felipe Crisafulli é advogado do Ambiel Bonilha Advogados e especialista em Direito Desportivo / Foto: Divulgação/M2 Comunicação
Estádio neutro pode ser solução para regra de torcida única em São Paulo em jogos da Copa do Brasil
A adoção de torcida única em São Paulo, em vigor desde 2016, volta ao debate após o anúncio de mudanças no calendário propostas pela CBF nesta última quarta-feira (1º).
Isso porque, a partir do próximo ano, a Copa do Brasil passará a ter decisão em jogo único, levantando dúvidas sobre a realização da partida em território paulista caso dois clubes do estado cheguem à final.
De acordo com Felipe Crisafulli, sócio do Ambiel Bonilha Advogados e especialista em Direito Desportivo, tudo vai depender da forma como se dará a determinação do local onde se realizará a final da Copa do Brasil.
“Se isso ocorrer após já sabermos os clubes que a disputarão, é possível que a CBF, de fato, opte por outra praça, um estádio “neutro”, a fim de superar essa dificuldade causada pela necessidade de torcida única e, assim, evitar “beneficiar” um clube em detrimento de outro”, explica o advogado.
Entretanto, se a escolha da sede for feita com antecedência – por exemplo, antes do início da temporada, como acontece na Libertadores e na Liga dos Campeões – e no local não se admitir a presença de mais de uma torcida, “a CBF terá de resolver esse “problema” na época em que ele de fato surja, isto é, após a definição dos finalistas da competição”, acrescenta Crisafulli.
Em vigor há quase uma década, a medida surgiu em decorrência dos diversos confrontos que ocorreram antes e depois da partida entre Corinthians e Palmeiras, no Pacaembu, pelo Paulistão daquele ano. Na ocasião, dezenas de membros de torcidas organizadas foram detidos e o Ministério Público solicitou à Federação Paulista de Futebol (FPF) que determinasse que os clássicos ocorressem com a presença de uma única torcida nos estádios paulistas, o que foi prontamente acatado pela Federação, após reunião com a Secretaria de Segurança Pública.
“Avaliar se a medida se mostrou eficaz é sempre muito complicado, pois, se de um lado temos os bons argumentos dos clubes, que entendem essencial a presença dos torcedores nessas partidas, fazendo toda a sua festa nos estádios, incentivando as equipes, cantando as suas músicas, por outro temos a questão da segurança – e, no entendimento dos órgãos responsáveis, tem sido salutar a presença de apenas uma torcida como forma de evitar confrontos entre as torcidas rivais nos clássicos estaduais. É uma discussão eterna, quase sem fim, mas que, sem dúvida, o ideal seria o Poder Público garantir a segurança de todos e, portanto, liberar a presença de mais de uma torcida nesse tipo de jogos, tal qual vemos acontecer, por exemplo, no Rio de Janeiro, cujos clássicos contam sempre com a presença das torcidas de ambos os clubes”, conclui o especialista.
Por Natasha Guerrize