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Foto: João Lins
Cerca de 3,8 milhões de mulheres negras ocupam o mercado de trabalho no Brasil, aponta relatório
Um estudo recém-publicado pela Universidade de Essex, chamou atenção para os obstáculos enfrentados por mulheres negras em cargos de liderança. Segundo o documento “Walking a tightrope without a safety net”, assinado pela Dra. Ruth Pombi, essa parcela feminina frequentemente luta para manter a autoridade nos ambientes de trabalho, em meio à injúrias raciais e microagressões. Apesar das barreiras sistêmicas e discriminatórias enfrentadas no âmbito profissional, dados do “3º Relatório de Transparência Salarial e Critérios Remuneratórios” indicam que, no Brasil, o número de mulheres negras no mercado de trabalho apresentou um avanço gradual, passando de 3,2 mi para 3,8 milhões – o equivalente ao acréscimo de 18,2% no total de participações, conforme anúncio do Governo Federal. Em
meio à luta por visibilidade, reconhecimento e paridade salarial, o
público feminino afrodescendente tem se destacado pelos avanços e
liderança nas áreas do trabalho, como medicina, música, direito, artes, Ciências, educação, cultura e eventos. Prova disso são as homenagens prestadas pela União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU) à 16 figuras históricas de mulheres negras, como Katherine Johnson (matemática da NASA); Mae Jemison (astronauta); Bernice Johnson Reagon (musicista) e Alexa Canady, que assina como primeira mulher negra americana a se tornar neurocirurgiã. Referências em inovação e criatividade, o documento histórico da ACLU traz uma série de personalidades que promoveram, em suas épocas, mudanças no ecossistema do trabalho e a forma como enxergar a ‘mulher negra’ em diferentes cenários. Tirando sua inspiração de personalidades negras históricas e espelhando gerações futuras, a executiva de atendimento e relações-públicas, Thainá Pitta,
é uma das vozes contemporâneas que vêm transformando a presença de
mulheres negras em posições de influência no mercado corporativo e na
comunicação institucional de grandes marcas. Atuando com foco em diversidade, representação e construção de narrativas autênticas, Thainá é figura conhecida em grandes organizações e eventos, com trabalhos recentes no atual Rio Innovation Week e Rio2C, além de um portfólio composto por Pacto Global da ONU, The Town, Afropunk, e o Prêmio da Música Brasileira.
Somando anos de expertise, a especialista reitera a necessidade de
ampliar as oportunidades no mercado de trabalho para mulheres negras e
regrar, de maneira incisiva, sanções contra as práticas de injúria
racial dentro das corporações que impeçam o bem-estar e à autoridade
feminina. “Ao
olhar para a trajetória de mulheres negras que marcaram a história com
contribuições extraordinárias, como Patricia Stephens, Nikki Giovanni,
Antonieta de Barros, Tereza de Benguela e Ruth de Souza, é impossível
não reconhecer o quanto essas referências continuam a inspirar o nosso
caminho. O aumento da participação no mercado de trabalho revela um
movimento importante, mas é fundamental que esse crescimento venha
acompanhado de um compromisso real das organizações com ambientes mais
equitativos. Em meio ao meu próprio ambiente de trabalho, percebo a
falta que faz uma perspectiva plural para atingir resultados mais amplos
e objetivos, que poderiam somar para ambos os lados”, explica Thainá. Embora tenham marcado gerações nos teatros, política, educação ou no ramo empresarial e executivo, fato é que as mulheres negras ainda integram a curta parcela de 7,7% das ocupações profissionais, segundo o Institute for Women's Policy Research. O relatório da IWPR ainda informa que, dentro da fatia de 120 milhões de colaboradores, esse público segue marginalizado, contabilizando apenas 8 milhões da força de trabalho. À fim de fortalecer a presença de profissionais negros e negras no ecossistema criativo e tecnológico, Thainá explica
que é essencial romper com a marginalização, promovendo agentes de
representatividade e transformação. Na visão da especialista, eventos
como o Rio Innovation Week, que acontece entre 12 à 15 de agosto,
funcionam como plataformas de visibilidade, articulação e troca entre
agentes que estão moldando o futuro da comunicação e do mercado de
trabalho. Ao ocupar esses espaços, a relações-públicas defende a necessidade das vivências e do olhar plural de mulheres negras na construção de soluções, produtos e narrativas que reflitam a diversidade do país. “É
essencial que a inovação brasileira, nas marcas e eventos, reflita a
pluralidade de quem a constrói. A presença de profissionais negros e
negras em eventos como o Rio Innovation Week, por exemplo, que é a maior
conferência global de tecnologia e inovação, mostra que temos produzido
ideias, tecnologias e experiências que movimentam o setor criativo e
geram impacto real. O desafio agora é garantir que essa presença não
seja pontual, mas parte de uma estrutura que reconheça, apoie e celebre a
contribuição da nossa identidade no desenvolvimento do país”, conclui. Por Glaucia Pinheiro