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Foto: Divulgação
Projeto Caminhos da Pré-escola aposta em evidências para contribuir para uma educação infantil pública de qualidade
De acordo com dados do Inep, em 2024, 93% das crianças brasileiras de 4 e 5 anos estavam matriculadas na pré-escola, mas cerca de 381 mil ainda estão fora dessa etapa obrigatória da educação básica. A educação infantil é a primeira etapa da educação básica e um direito constitucional de todas as crianças no Brasil. Além de milhares ainda estarem fora da escola, outro aspecto merece atenção: a qualidade do atendimento oferecido na primeira infância àquelas que conseguem acessar a educação infantil. Os desafios são vários, envolvendo desde a qualificação das interações entre adultos e crianças no ambiente educacional, até questões estruturais, como currículo, infraestrutura, gestão e formação dos profissionais.
Dados recentes revelam a dimensão dessas lacunas: 75% dos professores da educação infantil manifestam interesse em formações voltadas a atividades lúdicas, enquanto 78% das escolas não possuem materiais de artes e 34% não dispõem de brinquedos (Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, 2023). Esses indicadores reforçam a necessidade urgente de investimentos na qualidade das práticas pedagógicas e nas condições de trabalho nas instituições de educação infantil em todo o país.
Para enfrentar esses desafios, o projeto Caminhos da Pré-escola propõe uma abordagem estruturada em evidências para fortalecer a educação infantil pública. A iniciativa reúne o J-PAL América Latina e Caribe, a Fundação Bracell, o Itaú Social, acadêmicos e secretarias municipais e estaduais de educação de três estados brasileiros. Na Bahia, o projeto promoverá o “Seminário Caminhos da Pré-Escola: entrelaçamento que inspira e reconecta a educação infantil”, que será realizado nas cidades de Camaçari e Feira de Santana, nos dias 12 e 13 de agosto, respectivamente.
“Nosso objetivo é apoiar políticas públicas mais eficazes desde os primeiros anos de vida escolar. Trabalhamos com base em evidências, em parceria com redes locais de educação infantil e acadêmicos, visando contribuir para que as crianças tenham boas oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento na primeira infância”, afirma Priscila Costa, gerente de Políticas e Pesquisa no J-PAL LAC.
Com duração de quatro anos e meio, o projeto está estruturado em três fases. A primeira, concluída em 2024, envolveu a construção de parcerias e seleção de dois programas promissores de pré-escola alinhados à Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Em 2025 e 2026, acontece a implementação e a avaliação de impacto dos programas selecionados:
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O programa Caroço foca no desenvolvimento de habilidades socioemocionais por meio de atividades baseadas na prática do professor e facilmente adaptáveis a diversos contextos pré-escolares.
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O Curiosamente promove habilidades socioemocionais e noções matemáticas para crianças do último ano da educação infantil, com atividades lúdicas integradas à prática pedagógica.
A terceira fase, prevista para 2027 e 2028, será dedicada ao planejamento de adaptações dos programas de pré-escola com impacto positivo para ampliar seu alcance nos municípios.
A atuação conjunta com redes públicas de educação infantil e a academia é um dos pilares da iniciativa. “Não basta garantir o acesso à pré-escola. É preciso assegurar interações qualificadas, infraestrutura adequada, materiais, escuta ativa das crianças e formação contínua dos profissionais. Essa é uma etapa decisiva para o desenvolvimento na primeira infância e uma janela de oportunidades para o enfrentamento das desigualdades”, reforça Priscila.
O projeto também busca fortalecer a colaboração entre estados e municípios, ampliando a articulação institucional em prol de uma educação infantil pública com mais qualidade e equidade.
“Acreditamos na capacidade das unidades de educação infantil de se fortalecerem por meio de formações contextualizadas e materiais adequados, promovendo um ambiente que estimule o desenvolvimento das crianças, especialmente nos aspectos socioemocionais e cognitivos. Nosso papel é apoiar essa construção, ampliando o alcance e a eficácia das iniciativas que, comprovadamente, impactam positivamente tantos futuros”, acrescenta Fernanda Seidel, gerente de Avaliação e Prospecção do Itaú Social.
“Apesar da importância fundamental que uma Educação Infantil de qualidade exerce para o desenvolvimento das crianças, promovendo ganhos no presente e para o futuro, essa etapa ainda é pouco valorizada. Investir na educação infantil, priorizar políticas que apoiem uma aprendizagem de qualidade e estabelecer uma base sólida para a trajetória das crianças é urgente para alcançarmos uma sociedade mais próspera para todos. Nessa jornada, ressaltamos a importância de parcerias sólidas entre o governo, o terceiro setor e a academia para promover políticas consistentes e efetivas", aponta Filomena Siqueira, Diretora de Projetos na Fundação Bracell.