
Foto: Valter Pontes/ Coperphoto/ Sistema FIEB
“Movimento Bahia pela Educação” é lançado com meta de alfabetizar 80% das crianças na idade certa até 2030
Foi lançado oficialmente nesta quinta-feira (2), na sede da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), o Movimento Bahia pela Educação, uma iniciativa inédita que reúne governo, setor produtivo, municípios e sociedade civil em torno do desafio de garantir que, até 2030, pelo menos 80% das crianças baianas estejam alfabetizadas na idade certa, ao final do 2º ano do ensino fundamental.
Segundo dados do MEC (2024), apenas 36% das crianças baianas chegam ao final do 2º ano alfabetizadas. Em 65% dos municípios, menos de 40% dos estudantes atingem o nível adequado de leitura. O quadro foi classificado pelos participantes como um desafio que precisa de mobilização urgente e conjunta.
O movimento é articulado pela FIEB, por meio do Serviço Social da Indústria (SESI Bahia), em parceria com a União dos Municípios da Bahia (UPB), Governo do Estado, Secretaria de Educação, Ministério Público da Bahia, União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime-BA), Federação das Empresas de Transporte (Fetrabase) e Sebrae-BA.
O presidente da FIEB, Carlos Henrique Passos, destacou que a educação é um tema estratégico para o setor produtivo. “A importância deste assunto para a sociedade baiana é enorme, com consequências diretas também para o setor empresarial. Elevar a Bahia nesse aspecto é um grande desafio, e por isso temos debatido tanto esse tema. Sabemos que desenvolvimento está diretamente ligado à educação: sem uma boa fundação, não teremos uma estrutura sólida. Essa é uma questão política, no sentido de que somos seres políticos, mas não se trata de algo partidário. Sem educação, não teremos uma indústria verdadeiramente qualificada”.
Mobilização
O presidente da UPB e prefeito de Andaraí, Wilson Cardoso, reforçou que a baixa qualidade da educação compromete o futuro da Bahia. “Educação baixa não atrai investimentos para o estado. A caminhada para mudar isso precisa da união de todos, e esse despertar ganhou força com as instituições que abraçaram essa causa. Tenho certeza de que vamos alcançar nossos objetivos”.
Na mesma linha, o presidente da Undime Bahia, Anderson Passos, pontuou que o indicador comum criado pelo movimento será fundamental para nortear esforços. “Sozinho, nenhum município consegue chegar longe. Precisamos desse indicador para unirmos forças e avançarmos juntos. Os prefeitos e secretários estão mobilizados em torno desse objetivo”.
“O município sozinho não consegue construir creches, pagar salários e investir em formação. Por muito tempo não utilizamos dados na educação, mas hoje sabemos o que o estudante aprendeu. Esse é um passo decisivo, porque não estamos mais sozinhos”, destacou a secretária de Educação do Estado da Bahia, Rowenna Brito.
Já o presidente da Fetrabase, Décio Sampaio Barros, colocou o setor de transporte à disposição da causa. “Contem com o setor de transporte para apoiar a capacitação. Acredito firmemente que a educação é o caminho para transformar a Bahia”.
O coordenador do Centro de Apoio à Educação do Ministério Público da Bahia, Adriano Marques, reforçou o caráter de urgência da iniciativa. “Esses números constrangem todos os baianos. Quase 70% da população carcerária não tem o ensino fundamental completo, o que revela um hiato de vulnerabilidade social. Se isso não incomoda quem nos ouve, há um vazio de cidadania. Educação é um direito indisponível, e precisamos derrubar os muros que afastam os alunos, especialmente da rede pública. O Ministério Público vai fiscalizar os municípios e contribuir para que a lei Bahia Alfabetizada seja cumprida”.
Jorge Khoury, diretor-superintendente do Sebrae Bahia, reforçou a importância da divulgação do movimento: “Contamos com o apoio da comunicação para engajar a sociedade e mobilizar cada vez mais pessoas em torno desta causa.” Ele destacou que, para alcançar os objetivos de alfabetização e transformação social, é fundamental que a mensagem chegue a todos os públicos, incentivando a participação ativa de gestores, educadores e cidadãos.
O vice-governador da Bahia, Geraldo Júnior, destacou a importância da divulgação do movimento. “A imprensa será fundamental para mobilizar a sociedade e dar visibilidade a essa causa, que é de todos os baianos”.
Prêmio e próximos passos
Durante o evento, foi apresentado também o Prêmio Município Alfabetizador, que passará a ser realizado anualmente. O objetivo é reconhecer os municípios que alcançarem os melhores índices de alfabetização ao final do 2º ano do ensino fundamental.
Os vencedores na categoria Ouro receberão os Kits Maker da Alfabetização, que incluem materiais pedagógicos inovadores, como jogos, livros, blocos de montar, recursos de robótica desplugada e equipamentos para atividades de leitura e ciência. Já as categorias Prata e Bronze terão reconhecimento público pelo avanço nos resultados. A primeira cerimônia acontecerá em 15 de dezembro de 2025, no auditório do Ministério Público da Bahia.
Além do prêmio, o movimento prevê a realização de ciclos de formação de gestores e professores, voltados especialmente para os 30 municípios com resultados mais desafiadores. Com o lema “Unir forças por uma educação que transforma”, o Movimento Bahia pela Educação surge como um chamado coletivo para colocar a alfabetização no centro da agenda pública, buscando não apenas melhorar indicadores, mas transformar a vida de milhares de crianças baianas.
O superintendente do SESI Bahia, Armando Neto, ressaltou que o movimento terá foco em ações práticas e no aprendizado com experiências já bem-sucedidas nos municípios. “Precisamos também aprender com os lugares onde há avanços. O Prêmio Município Alfabetizador, que será anual, tem exatamente esse objetivo: celebrar o mérito educacional, disseminar boas práticas e inspirar gestores”.
Fonte: FIEB