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I Festa Literária Afrocentrada de Paulo Afonso – FLIAFRO vai promover o protagonismo negro no universo da escrita, de 25 a 27 de agosto
Literatura, memória, ancestralidade e resistência integram a pauta da I Festa Literária Afrocentrada de Paulo Afonso – FLIAFRO,
que acontece de 25 a 27 de agosto. As atividades vão acontecer no
Colégio Estadual Paulo Freire. Promovida pela Karuá Soluções, a FLIAFRO
pretende fomentar o protagonismo negro no universo literário. O evento
reunirá escritores e escritoras afrodescendentes, artistas, educadores,
representantes de editoras e livrarias, ativistas negros, povos de
santo, estudantes e a comunidade para celebrar a produção literária
brasileira e suas múltiplas expressões. A FLIAFRO conta com patrocínio
do Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria de Educação e
Secretaria de Cultura, via Fundação Pedro Calmon, e apoio cultural da TV
E Bahia e Educadora FM.
Com a curadoria do doutor em Literatura
e Cultura e professor da UNEB, Marielson Carvalho, o evento vai
promover rodas de conversa, palestras, lançamentos de livros, oficinas,
exibição de filmes, apresentações culturais. Toda programação pode ser
conferida no Instagram @fliafro_ba
A I Festa Literária
Afrocentrada de Paulo Afonso – FLIAFRO contará com painéis de
conscientização de caráter informativo sobre figuras históricas e
contemporâneas negras, suas lutas e conquistas, expostas aos
participantes no local do evento. Além da exposição de editoras baianas,
também haverá espaço para artesanato e itens oriundos da agricultura
familiar.
“Esperamos com iniciativas como a FLIAFRO valorizar os
autores negros, estimular a leitura de suas obras, inspirar jovens
talentos literários, fortalecer a identidade cultural e ampliar a
discussão antirracista”, destaca Marielson Carvalho.
Com
expectativa de receber mil pessoas por dia, a FLIAFRO não pretende ser
uma festa literária apenas de Paulo Afonso, mas envolver todo Território
de Identidade Itaparica, que também inclui os municípios de Abaré,
Chorrochó, Glória, Macururé e Rodelas. Para viabilizar a participação de
alunos das escolas públicas, o evento vai disponibilizar transporte
para deslocamento de estudantes do Território de Itaparica para a festa
literária.
Além das rodas de conversas e palestras, a programação
contará com atividades práticas como a Oficina de Slam: Batalha de
Poesia Falada; Oficina de Narrativas Orais: A Arte de Contar Histórias
Ancestrais; Oficina de Poéticas Visuais: Literatura Multimodal Negra;
Roda de Conversa Enegrecendo Leituras: Escrevivências de Mulheres
Negras, Oficinas de Capoeira, dentre outras.
"A FLIAFRO vai
reunir autores, autoras, agentes literários da região, promover muita
troca de conhecimento com os jovens estudantes do Território de
Itaparica e preencher uma lacuna em eventos dessa natureza, onde a
literatura negra seja uma referência de autoestima e protagonismo”,
afirma Marielson Carvalho.
A FLIAFRO também terá em sua
programação várias manifestações artísticas e culturais, como
apresentação de rodas de capoeira, performances poéticas, teatro e
música.
Debates literários
Na abertura da FLIAFRO,
no dia 25, às 9 horas, a mesa “Vidas Negras Escritas: Literatura e
Educação Antirracistas” terá como convidados o escritor e pedagogo
Marcos Cajé, autor de livros infantojuvenis de literatura afro-
fantástica, como “Ara, o menino trovão” e “Akin, o rei de Igbo”, mestre
em História da África, da Diáspora e dos Povos Indígenas pela
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, e o ator, dramaturgo e
diretor teatral, Aldri Anunciação, vencedor do Prêmio Jabuti de
Literatura 2013, categoria Romance para jovens por “Namíbia, não!”, e um
dos roteiristas do filme “Medida Provisória”, dirigido por Lázaro
Ramos; foi por oito anos apresentador do programa Conexão Bahia, da Tv
Bahia. Na mediação, Cássia Vale.
Às 13h30, a mesa “Raízes da
Literatura Afro-Brasileira: Tradição Oral e Escrita” terá como
convidados a multiartista NegaFyah, escritora, atriz e produtora
cultural conhecida por fortalecer o protagonismo de mulheres negras na
literatura e pela performance impactante com suas parceiras no coletivo
Slam das Minas, e o escritor baiano Gildeci Leite, professor de
Literatura da UNEB e Doutor em Difusão do Conhecimento, autor do livro
“A Casa do Mistério ou a Casa do Renascimento”, escolhido para compor a
lista do obras do vestibular da UNEB.
No dia 26, às 8h30, a mesa
“Trânsitos Literários, Diálogos Afro-Atlânticos” terá a participação do
escritor e quadrinista Anderson Shon, professor de redação e de escrita
criativa, autor do HQ “Estados Unidos da África” em parceria com Daniel
Cesart e romance “O sítio de Tia Naná”, e da escritora e poeta Lorena
Ribeiro, que produz poesias, contos e literatura infantil, criadora do
Clube de Leitura Lendo a Bahia e curadora literária. Na mediação,
Marcelo Ricardo.
Às 13h30, a mesa “Corpos Indóceis,
(R)existências Negras” contará com a presença do escritor e performer
baiano Lucas de Matos, autor dos livros “Preto ozado” e “Antes que o mar
silencie”, de Jovina Souza, professora, mestra em Teoria e Crítica da
Cultura pela UFBA e autora do livro de poesia afro-feminista “O amor não
está”, e do Moisés Alves, professor doutor da UEFS e autor de vários
livros de poesia, como “mangue”, sobre memórias e afetos de sua família
no Pelourinho. Na mediação, Maria Antônia.
Outro destaque será a
mesa “Afroturismo: Literatura, Arte e Pensamento”, no dia 27, às 8h30,
com a participação de Fábio Kabral, autor de cinco livros de literatura
fantástica e ficção científica, como “O caçador cibernético da Rua 13” e
criador da Rede Afrofuturismo, e Mariana Madelinn, poeta e autora de
dez livros entre poesia e ficção especulativa, e presente em várias
feiras literárias baianas. Na mediação, David Sol.
Às 14 horas, a
mesa com o tema “Letramentos Negros em Tempos Hostis” terá a
participação de Jorge Augusto, doutor em Literatura, professor da UESB,
poeta e autor de “Modernismo negro: a literatura de Lima Barreto”,
premiado com o Jabuti Acadêmico 2025; e de Midiã Noelle, jornalista,
mestra em Cultura e Sociedade pela UFBA e autora do livro “Comunicação
Antirracista: um guia para se comunicar com todas as pessoas, em todos
os lugares”. Na mediação, Liz Maria.
Teatro de Bonecos vai levar a representação de lideranças negras para a FLIAFRO
O
grupo teatral Mamulengos da Caatinga será um dos destaques artísticos
na programação do evento. A trupe vai se apresentar durante os três dias
do evento, às 9 e às 15 horas, com bonecos de representação de ícones
de lideranças negras como a escritora Conceição Evaristo, o ator Lázaro
Ramos; Zumbi dos Palmares, o líder quilombola brasileiro, símbolo da
resistência negra e da luta contra escravidão; Lima Barreto, um dos
principais escritores brasileiros, que fazia uma crítica social
contundente contra as desigualdades e a sociedade racista; e Maria
Felipa, heroína negra da Independência da Bahia.
O Teatro de
Bonecos Popular do Nordeste, também conhecido como Mamulengo, é
reconhecido como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional pelo IPHAN.
Exposição homenageia Lélia Gonzalez
Uma
exposição com 18 painéis que retratam a vida e a obra da mineira Lélia
Gonzalez, uma das principais pensadoras do movimento negro e do Brasil,
também será uma das atrações da FLIAFRO. A exposição esteve em Salvador,
no ano passado, dentro do “Projeto Memória Lélia Gonzalez: Caminhos e
reflexões antirracistas e antissexistas”, que percorreu sete capitais
brasileiras em homenagem aos 90 anos de nascimento e 30 de falecimento
da pensadora.
“O legado da intelectual negra Lélia Gonzalez,
pioneira nos estudos de raça, classe e gênero, defensora de um feminismo
afrolatinoamericano e uma referência por suas contribuições contra o
sexismo, o racismo e o autoritarismo, poderá ser conferido pelo público
durante a I Festa Literária Afrocentrada de Paulo Afonso”, celebra
Marielson Carvalho.
Shows musicais: encerramento com Márcia Short
Três
apresentações musicais prometem movimentar a FLIAFRO: no dia 25, às 16
horas, a Banda Melaninaemsi, liderada por Pablo Vinicius, apresenta seu
show com repertório focado em questões sociais e comprometido com a luta
dos menos favorecido. Já no dia 26, às 16 horas, a atração musical será
a cantora e compositora afro-indígena, Xandra Diáfana, com seu
repertório que busca promover o respeito, a tolerância e a coexistência
pacífica entre diferentes grupos étnicos.
No dia 27, a cantora
Márcia Short faz o show de encerramento da Festa Literária Afrocentrada,
às 16 horas. Umas das precursoras do Axé Music, a cantora, dona de uma
voz potente e versátil, vai levar axé, samba-reggae e MPB para o palco
da FLIAFRO.
Bahia Sem Fome
O acesso à I Festa
Literária Afrocentrada de Paulo Afonso – FLIAFRO é gratuito, mas a
organização do evento vai estimular que cada visitante faça doação de um
quilo de alimento não perecível. Todas as doações arrecadadas serão
entregues ao Bahia Sem Fome, programa estatal da Bahia que visa combater
a fome e a insegurança alimentar, garantindo o acesso a alimentação
para pessoas em situação de vulnerabilidade social.
“Abraçamos a
causa e vamos estimular a doação de alimentos para engajar a população e
deixar também esse legado social, além do impacto do evento na cultura e
educação”, destaca Marielson Carvalho.
Acessibilidade
Além
de medidas para garantir acessibilidade física, como instalação de
rampas de acesso no local do evento e reservas de assentos para pessoas
com deficiência e seus acompanhantes, a programação contará também com
interpretes de Libras e materiais em Braille.
As palestras,
oficinas e atividades principais da programação terão a presença de
intérpretes de Libras (Língua Brasileira de Sinais) para atender às
necessidades de pessoas surdas. Todos os materiais informativos do
evento, como programas e sinalizações, terão versão impressa em Braille,
para atender pessoas com deficiência visual.
Programa Bahia Literária
Este
projeto foi contemplado no Edital de Apoio às Festas, Feiras e
Festivais Literários (N° 01/2024), através do Programa Bahia Literária,
com o apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia, através da
Secretaria de Educação e Secretaria de Cultura, via Fundação Pedro
Calmon, direcionada na modalidade fomento à execução de ações culturais,
de acordo com o Decreto Federal nº 11.453/2023, a Política Estadual de
Cultura - Lei nº 12.365/2011, o Plano Estadual de Cultura - Lei nº
13.193/2014, o Plano Estadual de Educação da Bahia - Lei Estadual nº
13.559/2016, a Lei Federal nº 14.133/2021.
Por Carol Campos