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5 de maio: Dia Mundial da Higiene das Mãos
Neste 5 de maio, a Organização Mundial da Saúde (OMS) promove a campanha “Salve Vidas: Higienize Suas Mãos”, destacando a higienização das mãos como uma das medidas mais eficazes para prevenir infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS). A ideia é conscientizar os profissionais de saúde sobre como lavar as mãos é fundamental para evitar a transmissão de doenças, infecções e até mortes. “Estudos da OMS alertam que o simples ato de lavar as mãos pode reduzir em até 40% o risco de adquirir infecções, tais como gripe, diarreia, conjuntivite, dentre outras, além de evitar a transmissão de infecções relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS), ressalta a infectologista e diretora de Educação e Formação Profissional, Cláudia Vidal. A situação é ainda mais preocupante em países de baixa e média renda (PBMR). Nesses lugares, a incidência de infecções é maior: em média, de cada 100 pacientes internados em Unidades de Cuidados Intensivos (UTI), 7 em países de alta renda (PAR) e 15 em PBMR vão desenvolver, pelo menos, uma infecção durante a internação. Nas UTIs, quase um terço dos pacientes (30%) podem ser afetados, com taxas de infecção duas a vinte vezes maiores em PBMR, especialmente entre os recém-nascidos. Segundo o relatório global divulgado, recentemente, pela OMS, analisado pela SOBRASP, as infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) continuam sendo uma das principais causas de eventos adversos. Estima-se que, até 2050, essas infecções possam ocasionar cerca de 3,5 milhões de mortes por ano no mundo. Infecções de Corrente Sanguínea (ICS) em UTIs: Um alerta vermelho As Infecções de Corrente Sanguínea (ICS), especialmente aquelas associadas ao uso de cateter venoso central, são consideradas as mais graves entre as IRAS, devido à sua alta taxa de mortalidade e complexidade no tratamento. Segundo dados do Boletim Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de Saúde nº 31 da ANVISA, publicado em 2023, e compilados pela SOBRASP, as ICS representam uma das principais causas de infecções em UTIs no Brasil. No Brasil, foram registradas 34.428 mil infecções por ICS em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva), sendo 24.430 em UTIs adulto, 6.826 em neonatal e 3.172 em UTIs pediátricas.
Resistência Antimicrobiana: A ameaça Invisível A resistência antimicrobiana (RAM) é uma consequência direta do uso inadequado de antibióticos e da disseminação de infecções hospitalares. A OMS alerta que, se medidas eficazes não forem implementadas, até 2050 poderemos enfrentar 10 milhões de mortes anuais devido a infecções resistentes a medicamentos. O uso indiscriminado de antibióticos é uma questão de saúde pública no mundo, pois leva ao desenvolvimento da resistência microbiana, tornando o tratamento de infecções mais difícil e, em muitos casos, impossível de tratar. A previsão é que ocorram aproximadamente 136 milhões de casos anuais de infecções resistentes a antibióticos no mundo. “O uso desnecessário de antimicrobianos pode ocasionar resistência bacteriana, cursar com efeitos colaterais e gerar custos desnecessários para o sistema de saúde. O Brasil é um dos maiores consumidores de antibióticos do mundo, segundo a OMS, superando países como a Europa, Canadá e Japão”, ressalta a diretora. Prevenção: A Chave Está em Nossas Mãos A implementação de Programas coordenados de Prevenção e Controle de Infecções (PCI), incluindo a higienização rigorosa das mãos, pode reduzir significativamente a incidência de IRAS. Programas de PCI bem estruturados, com sistemas de monitoramento e gestão, podem fazer uma grande diferença. A estimativa é que essas ações têm o potencial de evitar até 821 mil mortes por ano globalmente até 2050, segundo a OMS. Em países de baixa e média renda, as intervenções de PCI poderiam prevenir até 337 mil mortes anuais relacionadas às resistências antimicrobianas. Por Lucia Nunes |