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Anvisa aprova nova vacina contra a dengue para 2026: medida se torna mais um reforço para casos na Bahia que caíram mais de 85% em 2025
Em 2025, o Brasil registrou uma queda expressiva nos casos prováveis de dengue. Segundo o Ministério da Saúde, a redução foi de aproximadamente 60% no Brasil nos primeiros meses de 2025 em comparação ao mesmo período do ano anterior. Já na Bahia, quando comparados os meses de novembro de 2024 e 2025, a queda chega a mais de 85% dos casos para este ano, segundo a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (DIVEP) da Bahia. Embora os números representem um avanço significativo, especialistas reforçam que o país não pode relaxar no combate ao Aedes aegypti, especialmente às vésperas do verão, período em que o mosquito se prolifera com mais facilidade.
A médica de família e comunidade e professora do curso de Medicina da Afya Vitória da Conquista, Amanda Ferro, explica que o cenário positivo é reflexo de uma série de ações integradas adotadas nos últimos meses. “Isso é resultado do plano de ação para redução dos impactos das arboviroses, lançado pelo Governo Federal lá em setembro de 2024. Um plano de ação totalmente baseado em evidências científicas, muito atualizado, que contempla também o acesso às novas tecnologias e permitiu maior cobertura laboratorial em todo o território do país, maior vigilância epidemiológica, assistência voltada para a população nos períodos de verão e o melhor controle de vetores”, explica a especialista.
Dra. Amanda ainda destacou o foco na vacinação, que foi disponibilizada para os adolescentes de 10 a 14 anos, e as doses não utilizadas que foram disponibilizadas para outras faixas etárias em 2025. “A partir de tudo isso, temos como resultado também a diminuição das internações por dengue e maior controle dos casos dentro das próprias unidades básicas de saúde” , celebra a médica. Na última quarta, 26 de novembro deste ano, foi aprovada pela Anvisa a vacina da dengue em dose única, 100% produzida no Brasil, para pessoas entre 12 e 59 anos de idade.
Apesar dos números favoráveis, a tendência só será mantida se o trabalho continuar e a nova vacina aprovada é mais um reforço para o ano que vem chegando. “A chave para reduzir ainda mais os casos está na continuidade das ações de prevenção. Precisamos manter a eliminação de criadouros, reforçar a educação em saúde e garantir o diagnóstico rápido nas unidades. O mosquito não desaparece, se a gente relaxa, ele volta a se multiplicar”, alerta Amanda.
Além da dengue, o Aedes aegypti também transmite zika e chikungunya, doenças que compartilham sintomas, mas possuem características próprias. A médica esclarece que a dengue costuma causar febre alta, dores intensas no corpo e manchas vermelhas na pele; já a zika, em geral, provoca febre baixa ou até ausência de febre, mas causa vermelhidão e coceira; enquanto a chikungunya se destaca pela dor intensa e prolongada nas articulações. “É muito importante que a população procure atendimento ao primeiro sinal de sintomas, porque o manejo clínico é diferente em cada caso”, explica.
Com o verão se aproximando, o alerta se intensifica. As temperaturas elevadas e o aumento das chuvas criam um ambiente favorável para a proliferação do mosquito. Embora os números gerais do início de 2025 sejam positivos, a estação pode reverter o cenário rapidamente caso as medidas de prevenção sejam negligenciadas. “Mesmo com a redução de casos, o risco permanece. O verão exige atenção redobrada, porque as condições climáticas favorecem o Aedes”, afirma a especialista.
Nesse contexto, o trabalho das unidades de saúde ganha ainda mais relevância. Segundo Amanda Ferro, a prevenção é uma atividade contínua nos serviços da atenção primária. Agentes comunitários de saúde realizam visitas domiciliares para orientar as famílias, identificar possíveis focos e reforçar cuidados básicos. Enfermeiros e técnicos monitoram casos suspeitos, fazem notificações e atuam na educação da comunidade. Médicos de família fazem o diagnóstico precoce e acompanham pacientes em risco. Já as equipes de vigilância sanitária e entomológica monitoram os índices de infestação, aplicam medidas de controle e orientam mutirões de limpeza. “É um trabalho coletivo, que vai desde a gestão até a porta da casa das pessoas. Não adianta agir só nos meses mais quentes: a prevenção tem que acontecer o ano todo”, reforça a médica.
Por Flamarion Reis
