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Osteoporose cresce em silêncio e desafia diagnóstico precoce
O avanço silencioso da osteoporose volta ao centro das atenções neste 20 de outubro, data em que se celebra o Dia Mundial da Osteoporose. A doença, que enfraquece os ossos e aumenta o risco de fraturas, atinge cerca de 10 milhões de brasileiros e é responsável por aproximadamente 400 mil fraturas por fragilidade a cada ano. Com o envelhecimento populacional, especialistas alertam que o número de casos tende a crescer se não houver ampliação das ações preventivas e dos diagnósticos precoces.
A reumatologista Vanessa Fonseca, coordenadora do serviço de Reumatologia do Hospital Mater Dei Salvador (HMDS), explica que a osteoporose é marcada pela perda progressiva da densidade e da qualidade dos ossos, o que os torna mais frágeis e suscetíveis a fraturas mesmo em quedas simples. “O grande desafio é que muitos pacientes só descobrem a doença depois de uma fratura. Precisamos mudar essa lógica e tratar a osteoporose como condição crônica, que exige acompanhamento regular”, afirma.
A doença é mais comum em mulheres após a menopausa, devido à queda dos níveis de estrogênio, mas também pode afetar homens, sobretudo após os 70 anos. Outros fatores de risco incluem histórico familiar, deficiência de cálcio e vitamina D, sedentarismo, tabagismo, uso prolongado de corticoides e doenças crônicas, como as reumáticas e as endócrinas. “Quando há múltiplos fatores de risco — por exemplo, mulher na pós-menopausa, com baixo peso e uso contínuo de corticoide — o acompanhamento deve ser intensificado”, ressalta a médica.
O diagnóstico é feito, principalmente, pela densitometria óssea, exame que mede a densidade mineral dos ossos. O resultado é comparado a padrões de referência e, quando o índice T-score é igual ou inferior a -2,5, confirma-se o quadro de osteoporose. Exames laboratoriais complementares também ajudam a identificar causas secundárias e avaliar o risco de fraturas.
O tratamento combina mudanças no estilo de vida, suplementação e medicamentos específicos. Alimentação rica em cálcio e vitamina D, prática regular de exercícios com carga, abandono do tabagismo e prevenção de quedas são medidas essenciais. Em alguns casos, o uso de medicamentos como bifosfonatos, denosumabe e moduladores hormonais é indicado. “O tratamento deve ser individualizado. O objetivo é reduzir o risco de novas fraturas e preservar a autonomia do paciente”, explica Vanessa.
Apesar dos avanços terapêuticos, a subnotificação ainda preocupa. Estima-se que apenas uma parte dos pacientes com fraturas por fragilidade receba o diagnóstico ou tratamento adequado. Relatório recente da Fundação Internacional de Osteoporose (IOF) aponta que, sem ações preventivas, o número de fraturas no Brasil pode aumentar até 60% até 2030.
Por Cinthya Brandão