Cidinha da Silva é nome fortemente presente na luta pelo antirracismo no Brasil. Autora de livros fundamentais sobre o assunto, entre eles Ações Afirmativas em Educação: experiências brasileiras (uma das primeiras publicações a respeito das políticas de ação afirmativa em educação, como estratégia de combate às desigualdades raciais), ela ganha agora um novo reconhecimento com Vamos falar de relações raciais? – Crônicas para debater o antirracismo, anunciado entre os finalistas do Prêmio Jabuti, na categoria Educação. Para falar sobre esta e outras de suas obras, a autora participa nesta semana do Festival Literário do Litoral Norte e Agreste Baiano (Felina), que vai até 18 de outubro em Alagoinhas (BA).

Vamos falar de relações raciais? é direcionada para que jovens, mães, pais e educadores possam debater sobre temas cruciais relacionados ao racismo e às assimetrias raciais presentes na sociedade brasileira. Desde o colorismo até casos de violência racial, o livro mergulha fundo em questões que muitas vezes são evitadas ou negligenciadas.

Mas, apesar da gravidade dos temas, a abordagem é leve e perspicaz. Parte disso é reflexo do formato escolhido, que permite explorar nuances, provocar reflexões e, ao tempo, oferecer inspirações para a mudança. “A crônica é um gênero complexo e fascinante. É complexo porque existem vários enfoques e caminhos para escrevê-la, é fascinante por isso e também porque nos convida a brincar com o tempo, a poemar o tempo, a fazer dele um aliado para criar e para compor retratos do vivido, metamorfoseados durante o ato da escrita”, afirma Cidinha.

Esta é uma obra colaborativa, gestada por diversas mãos que se uniram para trazer à luz um material rico e provocativo. Os textos que compõem este volume, parte deles inéditos, foram escolhidos pela própria autora. Já o ordenamento foi sugerido em parceria com Vanusa Melo, especializada em Letramentos e Práticas Docentes, co-responsável pelas propostas de atividades relacionadas a cada crônica, que podem ser aplicadas em sala de aula ou mesmo dentro do contexto familiar.

SOBRE A AUTORA
Cidinha da Silva é mineira, de Belo Horizonte; tem 22 livros publicados, dentre eles, os premiados Um Exu em Nova York (Biblioteca Nacional, 2019, categoria contos / Clarice Lispector) e O mar de Manu (APCA 2022, melhor livro infantil).

Organizou duas obras fundamentais para o pensamento sobre as relações raciais contemporâneas no Brasil, Ações Afirmativas em Educação: experiências brasileiras (2003) e Africanidades e Relações Raciais: insumos para políticas públicas na área do livro, leitura, literatura e bibliotecas no Brasil (2014).

Vários de seus livros integram políticas públicas de formação de acervo, incluindo o PNLD Literário, no qual teve quatro obras selecionadas a partir de 2020. É cronista do jornal literário Rascunho.

Por Núdia Fusco