
Foto: Philppe Lesueur
AML recebe poeta franco-congolês, Gabriel Mwene Okundji, em lançamento de sua primeira antologia traduzida para o português
A Academia Mineira de Letras recebe, no dia 23 de setembro, às 19h30, o lançamento do livro Como uma sede de ser homem, ainda, primeira antologia em português do poeta Gabriel Mwene Okundji,
uma das grandes vozes da poesia africana contemporânea de língua
francesa. O encontro, com entrada gratuita e aberto ao público, contará
com a presença do autor, do tradutor Guilherme Gontijo Flores e mediação de Jacyntho Lins Brandão, presidente da AML. Radicado
na França e nascido no Congo em 1962, Okundji tem uma obra marcada pela
força ancestral e pela busca das raízes míticas e naturais, em diálogo
com temas centrais da experiência africana pós-independência. Sua poesia
ecoa a grande tradição inaugurada por nomes como Léopold Sédar Senghor e
já foi reconhecida com prêmios como o Grand Prix Littéraire d’Afrique Noir (2010), o Prêmio Léopold Sédar Senghor (2014) e o Prêmio Internacional de Poesia Benjamin Fondane (2016). Na França, seus livros integram a prestigiosa coleção de poesia da editora Gallimard. A antologia reúne poemas de sete livros publicados entre 1996 e 2014, além do texto em prosa Aprender a dar, aprender a receber,
considerado um verdadeiro testamento poético em vida. Para o tradutor
Guilherme Gontijo Flores, a potência da obra de Okundji está em sua
singularidade: “nela vemos a um só tempo a força da escrita e a
mutabilidade da fala, o assentamento na ancestralidade e o devir do
presente, em suma, a poesia como filosofia, história, rito e congregação
de uma coletividade.” Segundo o poeta Edimilson de Almeida Pereira,
que assina o posfácio da edição brasileira, a poesia de Okundji revela
um território de tensões e belezas. “A violência e o medo, a contradição
e o engano, bem como a beleza e a sensibilidade, a cooperação e o sonho
estão no tecido dessa antologia. Num tempo de rupturas dos pactos que
sustentam a vida em comunidade, a obra de Okundji demonstra a
importância de recuperarmos ‘a sensibilidade necessária ao humano em sua
relação com o cosmo’”, afirma. O Lançamento de “Como uma sede de ser homem, ainda”, de Gabriel Mwene Okundji,
é uma iniciativa da AML em parceria com a Embaixada da França no
Brasil. O evento acontece no âmbito do “Plano Anual Academia Mineira de
Letras – AML (PRONAC 248139)”, previsto na Lei Federal de Incentivo à Cultura, e tem o patrocínio do Instituto Unimed-BH
– por meio do incentivo fiscal de mais de cinco mil e setecentos
médicos cooperados e colaboradores. Este lançamento faz parte da
programação do Festival Vertentes. CONVIDADOS Gabriel Mwene Okundji
nasceu em 9 de abril de 1962 em Okondo, um vilarejo no distrito de Ewo,
no Congo-Brazzaville. Ele foi para a França com uma bolsa do governo
congolês para estudar medicina na Universidade de Bordeaux, cidade na
qual vive desde então, atuando como psicólogo no atendimento hospitalar e
também junto à Associação Les Cygnes de Vie. Sua obra, traduzida para o
espanhol, inglês, finlandês, occitano, italiano e português, foi
adaptada para o palco em várias ocasiões e tem sido objeto de estudos
críticos e descritivos, realizados por Jacques Chevrier, Thierry
Delhourme, Stephen Akplogan, Agatino Lo Castro. Recebeu diversos prêmios
literários, incluindo o Grand prix littéraire d'Afrique noire (Grande
prêmio literário da África Negra), o Prêmio Benjamin Fondane, o Prêmio
Mokanda (Congo), o Prêmio Antonio Viccaro (Canadá) e o Prêmio Léopold
Sédar Senghor. Em agosto de 2018, o Ministério da Cultura da França lhe
concedeu o título de Officier de l'ordre des Arts et des Lettres. INSTITUTO UNIMED-BH O Instituto Unimed-BH
completou 22 anos em 2025 e conta com o apoio de mais de 5,7 mil
médicos cooperados e colaboradores da Unimed-BH. A associação sem fins
lucrativos foi criada em 2003 e, desde então, desenvolve projetos
socioculturais e socioambientais visando à formação da cidadania,
estimulando o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas,
fomentando a economia criativa, valorizando espaços públicos e o meio
ambiente, através de projetos patrocinados em cinco linhas de atuação:
Comunidade, Voluntariado, Meio Ambiente, Adoção de Espaços Públicos e
Cultura, que estão alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável da Agenda 2030. Por Amanda Magalhães
Guilherme Gontijo Flores (Brasília, 1984) é poeta, tradutor e professor na UFPR. Autor dos poemas de carvão :: capim (2017), Todos os nomes que talvez tivéssemos (2020), Entre costas duplicadas desce um rio (2021, em parceria com François Andes), Potlatch (2021), Ranho e sanha (2024), do romance História de Joia (2019), dos ensaios Algo infiel (2017, em parceria com Rodrigo Gonçalves), A mulher ventriloquada (2018), Tradução-Exu (2022, em parceria com André Capilé), Que sabe de si (2023), e dos infanto-juvenis A Mancha (2020, em parceria com Daniel Kondo) e Desembarcados (2024,
em parceria com Daniel Kondo e Carol Naine). Como tradutor, publicou
obras de Safo (prêmio APCA), Propércio (Prêmio Paulo Rónai, da
Biblioteca Nacional), Robert Burton (Prêmios APCA e Jabuti), François
Rabelais (prêmio da Embaixada Francesa) e Arthur Rimbaud, entre outros.