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Instituto Pró-Carnívoros e ENGIE Brasil Energia promovem diálogo com povoados de Umburanas (BA) para fortalecer convivência com grandes felinos
Entre março e maio de 2025, o Programa Amigos da Onça (PAO), realizou uma série de atividades na região de influência dos Conjuntos Eólicos Campo Largo e Umburanas, operados pela ENGIE Brasil Energia no estado da Bahia. O objetivo foi estimular reflexões sobre formas de convivência entre moradores das áreas rurais e onça-parda e a onça-pintada — espécies ameaçadas que ainda habitam a Caatinga — promovendo o uso de boas práticas no cuidado com os rebanhos e na proteção do meio ambiente.
A iniciativa marca uma nova etapa na parceria entre a ENGIE e o Instituto Pró-Carnívoros (iniciada em dezembro de 2024), reforçando o compromisso com uma convivência mais harmoniosa entre comunidades e grandes felinos na Caatinga.
“Com diálogo constante e valorização das realidades locais como pilares, a expectativa é que este trabalho não só avance nas próximas fases, mas também se torne um modelo inspirador para outras regiões onde populações humanas e fauna silvestre compartilham o mesmo território”, afirmou Carolina Franco Esteves, coordenadora do Projeto pelo PAO.
As atividades de educação ambiental e comunicação social ocorrem no âmbito do Programa Conexão, desencadeado pela ENGIE nos seus ativos, que também contempla visitas às localidades.
“A estratégia de conservação ambiental da ENGIE se apoia no engajamento das comunidades locais, como forma de multiplicar esforços e de potencializar impactos positivos a partir das ações implementadas”, afirma Karen Schroeder, gerente de Meio Ambiente da Companhia.
Foram visitados cinco povoados e duas escolas da zona rural do município de Umburanas (BA), com a participação de 81 adultos e 200 estudantes. O trabalho incluiu rodas de conversa, mapeamento participativo e oficinas lúdicas com crianças, valorizando o saber local e o envolvimento das comunidades. Ao todo, foram distribuídos 614 materiais informativos com orientações práticas sobre o que fazer em caso de encontro com onças ou predação de rebanhos domésticos. Concomitantemente, foi realizado o monitoramento de fauna com câmeras instaladas por 80 dias dentro e no entorno dos Conjuntos Eólicos. O resultado desta ação está sendo avaliado de forma que se tenha mais informações para apresentar à comunidade sobre dados da presença destes animais na região.
A convivência entre pessoas e grandes felinos na Caatinga requer diálogo. Nessas regiões, onde a criação extensiva de caprinos e ovinos é comum, as onças representam um desafio para os criadores, envolvendo não só perdas econômicas, mas também percepções e sentimentos que moldam suas atitudes. Por isso, mais do que transmitir informações, o projeto buscou abrir espaço para escuta ativa, abrindo caminhos de colaboração e confiança.
As escolas rurais dos povoados de Bom Gosto e Barriguda do Aníbal receberam oficinas de educação ambiental voltadas para crianças de até 12 anos. As atividades incluíram pinturas de pegadas, apresentação da fauna local, jogos com sons de animais e distribuição de cartilhas ilustradas, tudo com linguagem adaptada para o público infantil e no contexto da região. A participação das crianças demonstra o potencial de trabalhar o tema da conservação desde cedo, de maneira leve e significativa.
Durante os encontros com os moradores, as conversas foram acompanhadas de atividades de mapeamento participativo, e os participantes indicaram pontos importantes na paisagem, como nascentes, plantações, locais de lazer, pastagens e locais de avistamento de onças ou ocorrências de predação. Foram identificadas tanto áreas com maior frequência de avistamentos e casos de perda de animais de criação – principalmente em povoados próximos às serras – quanto histórias de respeito e valorização desses felinos como parte do ecossistema local.
Em contextos de vulnerabilidade social, como na região de atuação, as onças podem acabar representando parte das dificuldades vividas pelas comunidades, mesmo quando essas dificuldades têm origens mais amplas, como a ausência de políticas públicas e de inclusão social. Por isso, é essencial investir em estratégias que integrem conservação da fauna com o fortalecimento das condições socioeconômicas locais.
Entre as oportunidades de avanço identificadas no relatório da atividade estão: implantação de currais antipredação, capacitações em manejo sanitário de rebanhos, instalação de sistemas de captação de água e ações de educação continuada. Também foi ressaltada a possibilidade de agregar novos atores para o sucesso do projeto para que essas medidas se concretizem, incluindo instituições de pesquisa, organizações da sociedade civil, setor privado e poder público.
Por Lívia Aragão