
Foto: Cleomário Alves_ASCOM/SJDH
Embaixadora da Alemanha reforça compromisso com trabalho digno em visita à SJDH
Em visita inédita à Secretaria de Justiça e Direitos Humanos da Bahia
(SJDH), a embaixadora da Alemanha no Brasil, Bettina Cadenbach, se
reuniu com o secretário da pasta, Felipe Freitas, na manhã desta
segunda-feira (28). Na pauta, discussões sobre estratégias de
enfrentamento ao trabalho escravo contemporâneo na cadeia produtiva do
café e avaliações acerca de possíveis impactos do recente tarifaço
anunciado pelos Estados Unidos sobre exportações brasileiras e relações
trabalhistas.
A agenda institucional fortaleceu a aproximação entre o Governo da
Bahia e a diplomacia alemã, com projeções de esforços conjuntos para o
estabelecimento de relações comerciais que respeitem os direitos
humanos. Também marca o compromisso mútuo com a construção de uma agenda
que contribua para a efetivação de cadeias produtivas éticas, livres de
exploração e cada vez mais transparentes.
O diálogo da SJDH com a diplomacia alemã abriu caminhos para a
formulação de parcerias que deverão considerar, especialmente, as novas
diretrizes da União Europeia sobre rastreabilidade e sustentabilidade de
produtos agrícolas. “Com certeza vamos dialogar mais sobre novas
parcerias com a SJDH e o governo baiano. Levarei estas pautas para a
Alemanha, pois muitas instituições têm interesse em ajudar em projetos
que visam a fiscalização e a manutenção dos direitos humanos na América
latina”, projetou a embaixadora, que prometeu retomar os diálogos com o
estado após a COP 2025, em Belém-PA.
Atualmente, a Alemanha é o maior consumidor mundial do café
brasileiro. Segundo a embaixadora, o seu país tem demonstrado
preocupação com a origem dos produtos que importa, especialmente diante
das recorrentes denúncias de violações de direitos humanos no setor
rural. Desde 2023 até então, 204 trabalhadores foram resgatados em
situação análoga à escravidão na cafeicultura baiana, com destaque para
municípios como Encruzilhada e Ituaçu.
“Vim à Bahia verificar pessoalmente o que tem sido feito no combate
ao trabalho análogo à escravidão nas zonas rurais, especialmente na
cafeicultura. A Alemanha não quer colaborar indiretamente com o trabalho
escravo ao consumir o café brasileiro. É essencial que produtores
estejam comprometidos com condições dignas e com o respeito aos direitos
humanos”, explicou Bettina, ao afirmar o posicionamento oficial do
governo alemão contra o consumo de produtos associados a práticas
degradantes de trabalho. Por fim, colocou-se à disposição para analisar
parcerias com a Bahia, visando ao fortalecimento do trabalho digno.
O secretário Felipe Freitas resumiu as ações que a sua pasta tem
executado para o combate ao trabalho escravo e anunciou a campanha
“Parece absurdo, mas o trabalho escravo ainda existe”, a ser lançada
pelo Governo da Bahia na primeira quinzena de agosto. “A visita da
embaixadora Bettina reforça o papel da Bahia como referência nacional na
defesa dos direitos humanos. A SJDH, por meio da Coetrae/BA, tem atuado
de forma articulada com vários órgãos do executivo e do sistema de
justiça para garantir que os trabalhadores do campo sejam inseridos em
políticas públicas e tenham seus direitos assegurados, do resgate a sua
reinserção no mundo do trabalho”, destacou Freitas.
A reunião contou também com a participação da Cônsul Honorária da
Alemã na Bahia, Petra Schaeber; da coordenadora de Combate ao Trabalho
Escravo do Ministério Público do Trabalho (MPT), Manoella Gideon; e,
pela SJDH, do chefe de Gabinete, Raimundo Nascimento; da superintendente
de Apoio e Defesa aos Direitos Humanos, Trícia Calmon; e da
coordenadora Estadual de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, Hildete
Emanuele.
Fonte: Ascom/SJDH