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Equilíbrio nas festas: nutricionista explica por que a ceia não é a vilã
Com
a proximidade das festas de fim de ano, aumentam as preocupações com os
excessos alimentares típicos da época. Especialistas reforçam que não é
a refeição festiva que compromete a saúde, mas, sim, os hábitos
desregulados que muitas pessoas adotam ao longo de todo o mês. Para
a nutricionista Jacqueline Wahrhaftig, da Amparo Saúde, empresa de
Atenção Primária do Grupo Sabin, o foco não deveria estar apenas na
ceia. “Quem mantém uma alimentação equilibrada durante o ano não precisa
se preocupar tanto com uma refeição mais calórica. Uma ou duas ceias
não são capazes de causar um ganho de peso significativo. O que costuma
levar ao desconforto e ao aumento na balança é transformar todo o mês em
um período liberado”, alerta. A
nutricionista observa que muitas pessoas começam a relaxar os cuidados
já na primeira semana de dezembro e seguem em um ritmo que inclui
confraternização, petiscos, bebidas e porções maiores do que as
habituais. “É essa soma diária que faz diferença. Criar a sensação de
‘já que é fim de ano’ leva a escolhas automáticas e pouco conscientes”,
reforça. Não pule refeições: fome intensa só aumenta os excessos Um
erro recorrente, diz a especialista, é pular refeições para compensar a
ceia. Jaqueline ressalta que essa estratégia tende a ter o efeito
oposto: “Chegar com fome demais atrapalha qualquer tentativa de
moderação”. A
recomendação é manter a alimentação diária normalmente, com foco em
frutas, verduras, legumes e boas fontes de proteína. “O que funciona é
estar nutrido”, diz. Para
o lanche pré-evento, ela sugere opções ricas em proteína, que aumentam a
saciedade. “Pode ser um iogurte com fruta, uma dose de whey, um
sanduíche leve com patê proteico de atum, frango ou cottage. Até bater
uma fruta com iogurte e um pouco de leite em pó é uma boa escolha. Só
evite itens como bolacha, biscoito ou chocolate, que não sustentam e
fazem chegar ainda mais faminto”, informa. Na
hora de montar o prato, Jaqueline sugere que o ideal é observar todas
as opções disponíveis e escolher o que realmente vale a pena. “Não
precisa colocar de tudo. Priorize o que é especial para você”,
salienta. Ela
sugere incluir sempre vegetais, mesmo que em pequenas porções: “Coloque
uma salada, folhas, tomate cereja, um molho que você goste. Não deixe
os vegetais de fora”. Depois disso, vale seguir uma proporção simples:
“Cerca de 1/4 do prato com carboidratos (farofa, arroz ou um pouco dos
dois) e outro 1/4 com proteína, como peru, chester ou a carne
tradicional da família”, recomenda. A
nutricionista também reforça a necessidade de comer devagar. “A
saciedade vem com alguns minutos de atraso. Se você come rápido,
ultrapassa o ponto sem perceber”, afirma. Bebidas alcoólicas e sobremesas pedem atenção, mas não precisam ser proibidas O
álcool é um dos pontos que mais influenciam o comportamento alimentar
nas festas. A nutricionista explica que a bebida reduz a percepção de
saciedade e aumenta a vontade de beliscar. Ela reforça que não existe
dose segura de álcool e, por isso, moderação é a palavra-chave. “A
melhor estratégia é alternar bebida com água. Tomei uma taça de vinho?
Bebo um copo de água em seguida, pode ser com gás. Isso ajuda a reduzir a
quantidade total. É uma estratégia simples que já ajuda muito a
controlar o ritmo”, diz. Nas
sobremesas, ela incentiva escolhas conscientes: “Não precisa comer tudo
que tem na mesa. Priorize o que você realmente gosta e coloque porções
menores. Pode cortar um pedaço menor de bolo e depois provar um
pedacinho do pavê.” Jaqueline lembra que frutas também ajudam. “Uma
cereja, morango, uva… Isso traz saciedade e equilibra”, pontua. Sobre
receitas mais leves, ela explica que trocas podem ser feitas, como
reduzir o açúcar, usar creme de leite mais leve, mas que o impacto não é
tão grande quanto muitos imaginam. “O que realmente funciona é
quantidade e frequência. Coma um pouco de tudo, com consciência, e volte
para a rotina depois”, informa. Nada de compensar depois: retomar a rotina é mais eficiente Após
uma noite de exageros, Jaqueline orienta evitar estratégias
restritivas. O ideal, diz ela, é retomar a rotina habitual. “Tente fazer
uma refeição completa de manhã, inclua frutas, siga as proporções do
prato no almoço, mesmo que aproveite as sobras da ceia. Beba água,
movimente-se. Nada mirabolante, só voltar ao normal”, conclui. Por Juracy dos Anjos
