A engenheira química Fernanda Anjos, líder técnica da Braskem, acredita que a presença de mulheres negras em posições estratégicas inspira novas trajetórias / Foto: Divulgação
Braskem reforça ações afirmativas e amplia protagonismo negro no mercado de trabalho
Mesmo representando 55,5% da população brasileira, pessoas negras continuam enfrentando desigualdades no mercado de trabalho. Dados recentes do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua) do 2º trimestre de 2025, revelam que a taxa de desemprego para homens pretos (7,0%) e pardos (6,4%) supera a de homens brancos (4,8%).
Neste contexto, iniciativas do setor privado tornam-se essenciais para reduzir disparidades históricas. Na Braskem, ações afirmativas de raça fazem parte do Programa de Diversidade, Equidade e Inclusão, que vem transformando a cultura interna e ampliando o acesso de pessoas negras ao mercado de trabalho. As ações já refletem em números, atualmente na Bahia, onde a companhia possui oito unidades industriais, e as pessoas autodeclaradas negras representam 77% dos integrantes, e as contratações de 2025 registraram 75% do quadro de integrantes.
A ampliação dessa representatividade é fruto de iniciativas que vão desde capacitações e sensibilizações até a revisão de critérios de ingresso. A flexibilização de requisitos para vagas de estágio - como exigência de inglês ou formação em determinadas instituições - tem sido decisiva para atrair novos talentos. Com isso, 70% dos estagiários da Braskem na Bahia são negros, fortalecendo a construção de equipes mais diversas e inclusivas.
Vozes que transformam - Para João Marcelo Batista, contador e especialista fiscal há quase seis anos na Braskem, a transformação é perceptível no cotidiano. “Aqui, falar sobre raça, equidade e pertencimento não é tabu, mas parte de uma agenda estruturada. Poder usar o cabelo natural, ser quem é, sem ser julgado, deixou de ser um gesto de coragem para se tornar um direito respeitado”, afirma. Ele destaca que a entrada no mercado de trabalho para pessoas negras ainda é marcada por barreiras invisíveis. “As pessoas precisam de ações afirmativas para conseguir seu espaço. Letramento não é só teoria, é transformar vontade em ação concreta”, enfatiza.
Outro integrante que reforça esse movimento é Lívio de Jesus, operador de processos há 11 anos na Braskem. “Discutir etnia é importante para saber de onde viemos e traçar uma linha de consciência para as novas gerações. A representação é fundamental, pois quando você vê algum negro em determinada posição, enxerga ali a certeza de que também pode chegar”, relata.
A engenheira química Fernanda Anjos, líder técnica e integrante da Braskem há 26 anos, ressalta o impacto da ascensão de mulheres negras a postos de liderança. “Existem muitas barreiras para as mulheres no mercado de trabalho e, sendo negra, você enfrenta uma dupla barreira. Quando aconteceu a minha promoção, muitas pessoas começaram a se enxergar, a acreditar que também podem ocupar um cargo de liderança”, garante.
Fernanda acredita que a presença de mulheres negras em posições estratégicas abre caminhos e inspira novas trajetórias. “Quando nos qualificamos e temos oportunidades, a probabilidade de avançar é maior. E, quanto mais a gente ocupa esses espaços, mais abre caminho para quem vem depois”, observa.
Na Braskem, respeito é inegociável - A construção de um ambiente antirracista também passa por iniciativas internas de conscientização. A Rede de Afinidade de Raça e Etnia da Braskem promove debates, letramento, ações de engajamento e espaços de escuta que fortalecem a cultura organizacional. A proposta é que os próprios integrantes contribuam para aprimorar processos e fortalecer o sentimento de pertencimento.
“Nosso compromisso é garantir um ambiente em que pessoas negras possam ser quem são, sem sofrer discriminação, com acesso real a oportunidades e espaço de protagonismo. Racismo não é tolerado na nossa cultura, e seguimos trabalhando para que nossos times reflitam, de forma mais justa, a sociedade em que estamos inseridos”, assegura Ana Luiza Salustino, gerente de Pessoas e Organização da Braskem no Nordeste.
Por Danieli Del’ Esposti
