Foto: Diego Silva
13ª edição da FLICA é marcada por aprofundamento de debates sobre etnias, gênero, religião e cultura
A cada edição da Festa Literária Internacional de Cachoeira (FLICA), a organização do evento se empenha para se superar no alcance do público fiel e grandioso, como em todas as outras edições. Apesar da chuva que atingiu a região e a Bahia, a FLICA se dedica a ultrapassar a qualidade do conteúdo e da organização e a fazer do evento uma festa diversa, rica, reflexiva e que, dentre as cinco maiores do Brasil, seja referência no encontro da palavra, da poesia, dos debates, das manifestações populares, da música, da oralidade e da reflexão sobre a cultura em suas diversas dimensões. Nesta 13ª edição, a festa teve como ponto alto debates de conteúdos reflexivos, com a presença de artistas, escritores, cantores e jornalistas que, junto ao público, mergulharam e se abasteceram com discussões enriquecedoras, potentes e críticas.
Para diversificar e enriquecer a programação, a festa contou com convidados como a jornalista e escritora Aline Midley, a apresentadora Rita Batista, o escritor palestino Atef Abu Saif, autor de “Quero estar acordado quando morrer”, que incitou uma potente discussão sobre o poder das palavras em contextos de barbárie ao afirmar que “Só os livros podem reconstruir a memória”, e o filósofo e ex-reitor da UFBA, João Carlos Salles. NegaFyah, escritora de uma geração que manifesta suas ideias, sentimentos e protestos por meio da palavra falada, da música e dos saraus, tem encontrado na oralidade a interseção com a poesia e a literatura. Além dela, Nanda Costa e Lan Lanh participaram de um bate-papo sobre maternidade, e o artista plástico Milton Marinho, dentre muitos outros, também marcaram presença em um evento que encontra na palavra caminhos transformadores.
O principal propósito era que o público se nutrisse desses conteúdos para levar reflexões para as suas vidas, afirmou a embaixadora da FLICA, Vanessa Dantas. “A cada edição, avançamos tanto na troca de conteúdo, que foi o ponto forte deste ano, conteúdos muito reflexivos, com debates potentes, com convidados de fora e também de toda a região, para trazer possibilidades de um mundo novo, onde todos têm a oportunidade de levar essa consciência crítica para si e para outras gerações. Então, o conteúdo propõe uma reflexão muito grande acerca do que a sociedade precisa entender como quebra de paradigmas, como vencer tabus. Esse é o legado deste ano”, destacou Vanessa.
Em um discurso emocionado, a embaixadora realçou a reunião de tantas pessoas para celebrar algo que vai muito além das páginas de um livro. “Estamos aqui para celebrar a força das palavras, o poder da imaginação e a magia da leitura. Ler é muito mais do que decifrar letras, é mergulhar em mundos desconhecidos, viver várias vidas em uma só e compreender que o conhecimento é o maior tesouro que podemos carregar. A leitura desperta o pensamento crítico e nos ensina a enxergar a realidade com outros olhos, olhos mais sensíveis, mais humanos e mais conscientes“, discursou, ao acrescentar: “Que a FLICA nos inspire a continuar lendo, escrevendo e compartilhando histórias. Que cada palavra dita seja uma semente plantada no coração de quem nos ouve, para que a literatura continue florescendo, levando luz e esperança a todos os cantos. Muito obrigada”.
O governador do Estado, Jerônimo Rodrigues, parabenizou toda a organização da FLICA por fazer de Cachoeira a capital da cultura nesses quatro dias, incentivando, a cada edição, o interesse da população pela leitura. “O Governo mais uma vez participa de um evento grandioso como a FLICA, marcando a Bahia como o estado que mais investe em festas literárias, e a FLICA é um orgulho para os baianos e as baianas”, afirmou o governador Jerônimo. Dentre as iniciativas do Governo para fomentar festas literárias, a secretária da Educação, Rowenna Brito, destacou a função do programa Bahia Literária para a educação. “Apresentar aos nossos estudantes da educação pública a possibilidade de eles continuarem sonhando, escrevendo, estudando e conhecendo possibilidades“, disse a titular da pasta ao comentar o alcance do programa.
O secretário da Cultura, Bruno Monteiro, marcou presença no evento e celebrou, com muito entusiasmo, a chegada da FLICA à sua 13ª edição. O secretário reiterou a importância de apostar cada vez mais em eventos literários para estimular, disseminar e consolidar um número cada vez maior de pessoas interessadas no poder da palavra e em todas as suas possibilidades e capacidades de expressão. Além disso, falou sobre a importância de aquecer o mercado cultural. “Estamos tendo a grande e importante oportunidade de fomentar o mercado editorial da Bahia, pois estamos apoiando cada vez mais os escritores e escritoras. Além disso, a economia do município se desenvolve de uma forma muito rica, repercutindo em toda a região”, concluiu.
A coordenadora-geral da FLICA, Verônica Nonato, atribuiu o resultado positivo a todos os envolvidos na organização, aos quais representa. “É importante ressaltar que toda essa festa foi tão grandiosa pela contribuição de cada um de vocês. Cada um no seu lugar, cada um no seu tom, se empenhando e brilhando”, destacou Verônica. Em seu pronunciamento, a coordenadora também falou sobre a importância de o evento ser sediado em uma cidade heroica e berço da cultura baiana, Cachoeira, e agradeceu à prefeita Eliana Gonzaga, ao governador do Estado, Jerônimo Rodrigues, e a todos os patrocinadores que fizeram da festa um evento inesquecível. Grande entusiasta da FLICA e de todas as outras feiras literárias da Bahia, o deputado Rosemberg Pinto agradeceu também à Petrobras, que, após alguns anos, voltou a apoiar o evento com diversas ações que contribuíram para tornar a festa mais potente e que pretende patrocinar este grande evento no próximo ano.
Por Tatiane Freitas
