
Foto: Helton Carlucho/Ascom SDE
Joalheiros inovam para driblar alta do ouro e conquistar clientes em Salvador
A valorização do ouro no mercado internacional tem provocado efeitos
em toda a cadeia que depende do metal precioso. A disparada dos custos
tornou mais difícil o planejamento de produção e impõe novos desafios
para a precificação de produtos. Segundo dados do Desempenho da
Mineração Baiana 2025, produzido pela Secretaria de Desenvolvimento
Econômico (SDE), em 2024, o ouro bateu todos os recordes históricos,
chegando a um valor nunca antes registrado, reflexo das incertezas
geopolíticas e da conjuntura internacional, que influenciaram o aumento
do preço desse mineral nobre, uma vez que o ouro é classificado como uma
reserva de valor tradicional e confiável.
Ana Cristina Magalhães, economista mineral da SDE, explica que essa
combinação resultou em um aumento de mais de 32% nos últimos 12 meses,
“impulsionado especialmente pela significativa demanda dos bancos
centrais, que buscam aumentar suas reservas oficiais, vez que o mundo
vive um momento de incerteza econômica e geopolítica”.
Entre os mais impactados pela escalada do preço estão os joalheiros,
que enfrentam a escassez da matéria-prima e a retração da demanda.
Flaviws Silva, que atua no mercado de confecção e é professor do curso
de joalheria ministrado no Centro Gemológico da Bahia (CGB), órgão
ligado à SDE, explica que o impacto é sentido em diferentes etapas da
cadeia produtiva. “Como fabricante, sentimos a diminuição na produção e
na procura por confecção de joias. Muitos fornecedores retêm o metal na
expectativa de que o preço continue subindo, o que dificulta ainda mais o
acesso ao material”, comenta.
Criatividade e Inovação
Nesse cenário, a busca por inovação, capacitação e gestão estratégica
se tornou fundamental para que negócios consigam se manter
competitivos. A ourives Andressa Lobo, ex-aluna e monitora do CGB,
explica que o cenário tem exigido criatividade e adaptação tanto de
fabricantes quanto de consumidores. Entre a necessidade de manter a
atratividade das peças e a busca por alternativas viáveis, o mercado tem
encontrado diferentes caminhos para equilibrar custo, inovação e valor
simbólico.
A profissional revela que tem recorrido à prata, ou ao ouro com menor
teor, para produzir peças com custo mais acessível sem perder a
aparência e o valor percebido pelo cliente. “Hoje há uma procura maior
por peças de prata com banho de ouro ou joias de ouro mais leves com
mais pedras, porque o metal está muito caro. É uma forma de continuar
oferecendo produtos ao público”, explica.
Para os clientes, a valorização do ouro também representa uma
oportunidade. “O mercado vê o ouro não apenas como uma joia, mas como um
investimento. Você compra hoje e, daqui a 10 anos, pode vender por um
valor maior”, afirma Antônio Rios, fabricante de joias e fornecedor do
bem mineral. Esse movimento tem estimulado a valorização de peças
antigas e o reaproveitamento de metais já em posse dos clientes, que
podem transformar correntes ou alianças antigas em novas joias,
aumentando a sustentabilidade e o valor percebido dos produtos.
Além disso, a tecnologia tem se mostrado uma aliada importante. O uso
de impressão 3D permite a produção de peças leves que seriam difíceis
de confeccionar manualmente, aumentando a escala sem comprometer a
qualidade. Ainda assim, os profissionais reforçam que a mão de obra e o
acabamento manual continuam sendo fundamentais: “O acabamento é o
diferencial de uma joia; a tecnologia facilita, mas não substitui o
trabalho manual”, destaca o joalheiro e ex-aluno do CGB, Wilton Almeida.
Capacitação pelo CGB
Nesse contexto, os cursos do Centro Gemológico da Bahia (CGB),
localizado no Centro Histórico de Salvador, se destacam. A instituição
oferece o único curso de Lapidação do Nordeste, além de formar
profissionais em Joalheria, Design de Joias e Gemologia Básica, com
módulos que vão do nível introdutório ao avançado. Foi lá que Flaviws
Silva, Andressa Lobo e Wilton Almeida aperfeiçoaram suas técnicas.
Flaviws, que hoje leciona na unidade, destaca que a formação
oferecida pelo CGB é um divisor de águas para muitos alunos. “As aulas
do centro são muito importantes, não só para o conhecimento de quem quer
investir em joias, mas também para quem muitas vezes precisa disso para
sobreviver e sustentar a sua família”, afirma.
O secretário de Desenvolvimento Econômico, Angelo Almeida, destaca
que investir na formação de profissionais qualificados é essencial para
fortalecer o setor de joias e gemas da Bahia e superar as adversidades
do mercado. “Conhecer o ouro, seus teores, técnicas de lapidação e
design eleva a qualidade das peças produzidas. No cenário atual, é
justamente a qualificação que permite ao setor se reinventar, superar os
desafios e continuar crescendo. Iniciativas como os cursos do CGB são
fundamentais para o desenvolvimento e a resiliência da nossa cadeia
produtiva.”
As inscrições para os cursos do CGB podem ser realizadas diretamente
na sede da instituição, localizada na Rua Gregório de Matos, 27, no
Centro Histórico de Salvador. Os interessados devem ter idade mínima de
18 anos e ensino fundamental completo. Mais informações sobre vagas e
matrículas podem ser obtidas pelo telefone (71) 3115-7904.
Fonte: ASCOM/SDE