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Jovem Guarda ganha novo fôlego em tributo que transforma memória em movimento
Há sons que atravessam o tempo como quem desafia o esquecimento. As guitarras da Jovem Guarda são um desses ecos: elétricos, românticos e eternamente juvenis. Sessenta anos depois de o Brasil ter descoberto, pela televisão, que “é uma brasa, mora?”, o movimento que ensinou o país a falar de amor em ritmo de rock volta a pulsar com sotaque pernambucano.
“Volver Canta Jovem Guarda” é um projeto em formato audiovisual que transforma clássicos de Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Golden Boys, Leno & Lilian e The Fevers em um reencontro entre gerações. Disponível no canal oficial da banda no YouTube e nas redes sociais, o trabalho reúne uma série de clipes e um EP que celebra não apenas uma era da música brasileira, mas também o próprio retorno da Volver às suas origens.
Ícone do rock independente dos anos 2000, o grupo — formado por Bruno Souto (voz e guitarra), Fernando Barreto (baixo) e Zeca Viana (bateria) — volta a se reunir depois de mais de uma década. O reencontro, mais do que nostálgico, é um exercício de recomeço. “Voltar a tocar juntos e revisitar a Jovem Guarda é como abrir um baú de memórias que também fala sobre o futuro. Essas canções continuam vivas, inspirando e dizendo muito sobre quem somos hoje”, reflete Bruno Souto.
Cada faixa do projeto carrega uma reverência e uma redescoberta. “Eu Sou Terrível”, “Hey Girl”, “Pensando Nela”, “Pobre Menina” e “Alguém na Multidão” ganham nova roupagem, sem perder o frescor que as fez atravessar décadas. “A Jovem Guarda abriu as portas para o rock no Brasil, adaptando o que vinha de fora e criando uma identidade nossa. É um patrimônio que precisa ser celebrado”, diz Fernando Barreto.
Visualmente, o projeto mescla figurinos e referências da estética vintage com a energia contemporânea da Volver. As imagens traduzem o espírito de uma geração que trocou o preto e branco por um mundo colorido e que agora encontra novos tons na releitura da banda.
“Cada canção tem uma história. Algumas tocaram no rádio da casa da minha avó, outras descobrimos garimpando discos. Queríamos que o projeto tivesse essa mistura de memória pessoal com memória coletiva”, completa Zeca Viana.
Mais do que um tributo, “Volver Canta Jovem Guarda” é uma conversa entre tempos. Uma prova de que certas canções não pertencem ao passado, mas pertencem ao sentimento. E, quando reencontradas, continuam sendo trilha sonora de quem sonha, de quem ama, de quem insiste em viver como se o amanhã ainda pudesse ser novo.
Por PEDRO CUNHA
