O projeto “Água Para Vida” que integra estratégias visando a melhoria da qualidade da água para o consumo humano e saúde pública está deixando um legado duradouro nos municípios de Eunápolis e Porto Seguro, no sul da Bahia. Com foco em comunidades rurais, assentamentos e aldeias indígenas, a iniciativa une pesquisa científica e extensão universitária para enfrentar um dos maiores desafios da saúde pública: garantir o acesso à água potável e segura.

Desenvolvido pela Faculdade Pitágoras de Medicina de Eunápolis, o projeto vai além da análise da qualidade da água. Ele realiza devolutivas formais às Secretarias Municipais de Saúde e entrega relatórios individualizados a cada ponto de coleta, assegurando transparência e retorno direto às comunidades beneficiadas.
 

Durante as visitas, a equipe técnica e os estudantes apresentaram orientações adaptadas à realidade de cada comunidade, como o uso correto do cloro, a limpeza periódica dos reservatórios e métodos seguros de armazenamento da água.

“Nosso compromisso é transformar o conhecimento científico em ações práticas de proteção à saúde. Cada devolutiva representa uma oportunidade de diálogo e aprendizado conjunto com as famílias e lideranças locais”, explica a coordenadora do projeto e professora do curso de Medicina da Faculdade Pitágoras, Flaelma Almeida da Silva.

A metodologia do “Água Para Vida” inclui a capacitação de estudantes no uso do Alfakit, conjunto de testes portáteis que permite avaliar parâmetros físico-químicos e microbiológicos da água. As análises, realizadas em doze pontos distintos no Laboratório de Saúde Ambiental da Faculdade Pitágoras, seguiram os critérios da Portaria GM/MS nº 888/2021 e verificaram pH, turbidez, cloro residual e presença de coliformes totais e Escherichia coli.

RESULTADOS OBTIDOS PELO PROJETO

Os resultados mostraram inconformidades preocupantes em diversas amostras, indicando contaminações que podem representar riscos à saúde. A partir desses dados, o projeto mapeou também determinantes sociais e ambientais, como ausência de saneamento, uso de fontes alternativas e baixa percepção de risco que agravam a vulnerabilidade hídrica das famílias.

Em cada local, as devolutivas foram personalizadas. Nas aldeias indígenas, as orientações consideraram práticas culturais tradicionais, incorporando métodos seguros de tratamento da água. Nos assentamentos rurais, as recomendações destacaram a criação de barreiras para evitar contaminações por agrotóxicos e matéria orgânica em poços e nascentes. De acordo com Flaelma, as ações têm contribuído para reduzir o risco de doenças de veiculação hídrica, especialmente em áreas mais vulneráveis.

A IMPORTÂNCIA DO ÁGUA PARA VIDA

Além da dimensão técnica, o projeto fortalece o diálogo entre universidade, comunidade e poder público, fornecendo subsídios às Secretarias de Saúde para o planejamento de ações corretivas e preventivas. As devolutivas também assumem um caráter educativo, com rodas de conversa, demonstrações práticas e linguagem acessível, garantindo que o conhecimento chegue de forma clara e aplicável às populações envolvidas.

Para os estudantes, a experiência representa um marco na formação médica, aproximando-os da realidade social e ambiental do território. “Aprendemos que cuidar da saúde é também cuidar da água e do ambiente em que as pessoas vivem”, relatam participantes do projeto.

Os impactos já são visíveis considerando que várias comunidades passaram a adotar boas práticas de manejo e armazenamento da água, como a instalação de tampas e telas em reservatórios e o uso regular de cloro doméstico.

“O projeto reafirma o poder transformador da ciência quando aliada à extensão universitária. Mais do que diagnosticar, o projeto propõe soluções, acompanha resultados e empodera comunidades, demonstrando que garantir água de qualidade é garantir vida com dignidade”, completa Flaelma.

PorvCamila Crepaldi