Um novo capítulo de transformação e inclusão começa a ser escrito no canteiro de obras da Gráfico Empreendimentos. Vinte mulheres concluíram o curso de Pedreiro de Execução de Revestimento e Acabamento oferecido pelo Programa Elas Constroem, realizado pelo SENAI Bahia, em parceria com a CBIC e o Sinduscon, e celebraram não apenas a formatura, mas também a contratação imediata por uma das maiores construtoras da região.

A iniciativa faz parte do Plano Nacional de Capacitação da Construção Civil, que busca ampliar a presença feminina em um dos setores ainda mais marcados pela predominância masculina. Segundo Veronica Santos, especialista em Construção Civil do SENAI Bahia, a proposta foi pensada para promover inclusão e qualificação profissional.

“O Elas Constroem é um programa exclusivo para qualificação de mulheres. Divulgamos a turma em um noticiário local e, em apenas dois dias, todas as vagas foram preenchidas por moradoras da comunidade, em sua maioria de baixa renda”, explicou.

Ela explica que, para muitas, foi o primeiro contato com o setor da construção civil. As aulas foram realizadas no SENAI Dendezeiros, com acompanhamento técnico e pedagógico. “O encerramento da turma foi emocionante — todas as concluintes foram contratadas por uma construtora local. É o nosso propósito sendo cumprido: transformar histórias por meio da educação.”

Para Midiane de Farias Marques, coordenadora administrativa e de RH da Gráfico Empreendimentos, o ingresso dessas mulheres representa um marco importante. “É com muito orgulho que recebemos essas mulheres na empresa, pois sabemos que o ambiente do setor de produção no canteiro de obras ainda é majoritariamente masculino. Ver mulheres ocupando esses lugares, mostrando competência, dedicação e força, é motivo de grande satisfação”, afirmou.

Midiane conta que elas chegam para desempenhar atividades fundamentais, do acabamento e revisão ao controle de qualidade e organização de materiais. Ela destacou ainda o impacto social da iniciativa: “A presença feminina no canteiro representa um avanço não só para o setor, mas para toda a sociedade. Cada mulher traz novas perspectivas e um olhar único para transformar os espaços em que atua. Esse é um passo importante rumo a um futuro com mais igualdade e reconhecimento do talento feminino.”

Histórias que inspiram

Entre as formandas, histórias de superação e recomeço mostram a força e a esperança de quem decidiu mudar de vida. Regina Magalhães Souza, de 66 anos, já aposentada e ex-comerciante, viu no curso uma oportunidade de aprendizado e autonomia.

“Decidi fazer o curso por necessidade, porque é difícil encontrar profissionais qualificados e responsáveis nessa área. Acabei me descobrindo na construção civil. As mulheres precisam ter a oportunidade de se especializar e fazer um trabalho de qualidade”, pontuou.

Para Luciana Ferreira Encarnação, de 27 anos, o curso foi a realização de um sonho antigo. “Sempre tive vontade de trabalhar nessa área, até por influência do meu avô. Quando surgiu a oportunidade, agarrei com prazer. Mesmo com dificuldades, como a falta de transporte, consegui superar e vencer os obstáculos. Foi maravilhoso”, comemorou.

A trajetória de Delília Oliveira, 50 anos, emocionou colegas e professores. Após perder o emprego durante a pandemia, ela viu no Elas Constroem uma chance de recomeçar. “Eu estava desacreditada, mas quando vi a reportagem, dizendo que não havia limite de idade, resolvi tentar. Não faltei um dia sequer, mesmo depois de cair de moto e ficar toda machucada. Dizia a mim mesma: ‘meu curso é mais importante que tudo’. Hoje estou empregada e muito feliz.”

Durante o curso, Delília também se tornou um exemplo de solidariedade.“Muitas colegas não tinham dinheiro para o transporte. Eu vendia bolos e docinhos para ajudar quem precisava. A gente se apoiou muito. Agora todas estamos contratadas, e isso muda a vida da gente.”

Fonte: FIEB