A inteligência artificial vem revolucionando a forma de se atuar nas mais diversas áreas, e o ensino não poderia ficar de fora. Nesse cenário de mudanças e propostas diferenciadas para prender a atenção dos jovens e fazer com que assimilem conteúdos complexos, utilizando novas linguagens, um professor vem fazendo sucesso na internet: Michel Arthaud, influenciador e docente da Plataforma Professor Ferretto, que resolveu recorrer aos quadrinhos para ensinar conceitos de Química, com o apoio de ferramentas como o ChatGPT. 

A ideia surgiu ao observar a viralização de tirinhas e histórias geradas por IA nas redes sociais. “Pensei: se dá pra fazer quadrinhos para entreter, por que não usar a mesma tecnologia para ensinar? É uma forma lúdica, rápida e ao mesmo tempo informativa de apresentar conteúdos que muitas vezes são vistos como difíceis ou entediantes pelos alunos”, conta o professor.

Nas histórias, que misturam referências como Alice no País das Maravilhas, Barbie, cientistas famosos e situações do dia a dia, o professor apresenta temas variados da química com humor, contexto e uma linguagem acessível. “Não é um livro didático em forma de quadrinho. É uma conversa divertida com base científica, feita para prender a atenção e despertar a curiosidade”, explica.

“Eu mesmo crio os prompts. Aprendi na base da tentativa e erro até chegar ao formato que mais gostei”, explica o professor sobre os quadrinhos, que já fazem sucesso entre os alunos de todo o Brasil. “O objetivo é democratizar o acesso ao conhecimento, mostrando que aprender Química não precisa ser complicado. A inteligência artificial pode ser uma ponte — não um atalho — para tornar a ciência mais atrativa, humana e acessível”, avalia Arthaud.

Uso de HQ e linguagens lúdicas ampliam compreensão

O uso de quadrinhos como ferramenta pedagógica tem respaldo em pesquisas. Um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) aponta que materiais ilustrados ajudam alunos com baixo letramento e facilitam a compreensão de conceitos abstratos, como os da química. Já dados da UNESCO mostram que o uso de recursos visuais, storytelling e gamificação pode aumentar em até 25% a retenção do conteúdo.

Segundo o Censo Escolar, mais de 60% das escolas públicas brasileiras ainda enfrentam dificuldades para oferecer aulas completas e atualizadas em ciências da natureza — o que reforça a importância de projetos acessíveis, criativos e alinhados à realidade digital dos estudantes.

A iniciativa está totalmente alinhada ao conceito de Educação 4.0, modelo que integra elementos físicos e digitais para tornar o aluno protagonista do próprio aprendizado. “A educação se transforma com o mundo. Caminhamos para um cenário em que o professor atua como guia, e o estudante constrói conhecimento em seu ritmo, com o apoio de tecnologias e metodologias ativas”, finaliza Michel.

Os quadrinhos podem ser conferidos no Instagram do professor.

Por Paula Buissa