
Foto: Divulgação
Daniel Munduruku é um dos destaques da programação da 5ª Festa Literária Arte e Identidade
O Centro Histórico de Salvador se prepara para se transformar, entre 2 e 4 de outubro, em território plural de celebração da arte e literatura negra e indígena, símbolos de ancestralidade, resistência e afeto. Com o tema “Resistir é Festejar”, a 5ª edição da Festa Literária Arte e Identidade apresenta uma programação diversa e inclusiva, que reúne mais de 50 atividades voltadas ao público infantojuvenil. Dentre elas, mesas literárias, rodas de conversa, lançamentos de livros,, oficinas, contação de histórias, ações lúdicas e intervenções artísticas e culturais.
A alma da festa é formada por cinco espaços principais, localizados no Pelourinho: o Espaço Infantil Brilho, para as crianças explorarem a imaginação e a magia da literatura; o Espaço Juventudes, dedicado aos estudantes, onde acontecerá a final do Concurso de Escrita Criativa, além de exposições e debates; o Espaço Empoderamento, que oferece oficinas, lançamentos exclusivos e encontros com autores; o Espaço Identidade, com mesas literárias que pautam raízes culturais e novas perspectivas; e o Espaço Leitura, que realça o prazer de explorar novas narrativas.
Vozes de Identidade - Em 2025, a Festa Literária Arte e Identidade se consolida como um ambiente de escuta, troca e acolhimento. Mais do que um festival literário calendarizado no roteiro da cidade, é uma plataforma de memória viva que dá voz às narrativas dos povos negros e originários, a partir de convidados locais e nacionais que irão compartilhar experiências e inspirar jovens leitores e escritores.
Esse clima vai ser criado por autores como o paraense Daniel Munduruku, destaque na literatura indígena com 65 livros publicados; a Mestra Mayá Muniz, guardiã das tradições Pataxó e referência em educação comunitária no sul da Bahia; a escritora Larissa Reis, contadora de histórias, arte-educadora e doutora em Educação; o escritor e professor Jorge Augusto, premiado no Prêmio Jabuti Acadêmico com o livro Modernismo Negro; a poeta Márcia Kambeba, primeira doutora indígena em Letras da Amazônia, que provoca reflexões sobre a luta por respeito dos povos indígenas; Ana Fátima, autora de livros infantis e infantojuvenis; e Koanza, personagem do ator Sulivã Bispo, com seu pocket show carregado de humor crítico e representativo.
Também chegam para agregar à programação a professora Vitalina Silva, vencedora do Prêmio LED 2023 na categoria Educadores com seu projeto de educação antirracista; a artista Yacunã Tuxá, ilustradora e ativista indígena; a jornalista e pesquisadora Luana Souza, com atuação em comunicação, cultura, diversidade e justiça racial; a professora e escritora Lívia Natália, especializada nos assuntos de poesia, negritude e crítica literária; Fábio Mandingo, fundador do Centro Cultural Quilombo Cecília, destinado à produção e difusão da cultura negra; o Coletivo Liga do Dendê, com foco na literatura negra infantojuvenil; e o Sarau “Encontro de Gerações”, com os poetas Sandro Sussuarana, Evanilson Alves e Blenda Santos.
“Estamos passando por um importante momento de releitura das narrativas históricas convencionais. A presença, história e luta dos povos indígenas no estado da Bahia é um desses pontos quentes que tentei dar ênfase. Todos os encontros da nossa programação promovem algo interessante, que é reunir pessoas que geralmente não veríamos juntas. Essa vai ser a beleza da Feira”, comenta o curador Felipe Tuxá.
De acordo com Tuxá, a Festa quer desmistificar a ideia de que a literatura indígena é majoritariamente infantil. O mercado editorial ainda se mostra restrito para pessoas indígenas e o evento pretende evidenciar a potência das vozes indígenas na produção literária de gêneros diversos, trazendo a dimensão da luta e disputa histórica como tema central.
Por trás da Festa - Além de Felipe Tuxá, pesquisador indígena do povo Tuxá da Aldeia Mãe, em Rodelas (BA), doutor em Antropologia Social e professor de Etnologia Indígena na UFBA, a curadoria do evento é composta por Cássia Valle, poeta, atriz, diretora teatral, produtora cultural e autora premiada pelo APCA; Taisa Ferreira, escritora de literatura afrocêntrica para as infâncias, pedagoga e doutora em Educação; Karla Daniella Brito, escritora, poeta, educadora, psicopedagoga e gestora escolar, experiente em rodas de leitura e curadorias literárias; e Fernanda Santiago, cientista social, doutoranda em Antropologia, editora e coordenadora de projetos literários e culturais.
A Festa Literária Arte e Identidade é uma realização da Associação Cultural e Carnavalesca Quero Ver o Momo e tem apoio financeiro do Governo do Estado, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura da Bahia. Também foi contemplado pelo edital Gregórios - Ano IV com recursos financeiros da Fundação Gregório de Mattos, Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, Prefeitura de Salvador e da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB), Ministério da Cultura e Governo Federal.
SERVIÇO
Festa Literária Arte e Identidade - 5ª edição
Data: 2 a 4 de outubro (quinta-feira a sábado)
Local: Espaços culturais do Pelourinho - Centro Histórico
Entrada Gratuita
Por Nicole Smith