
Foto: Divulgação
“Vai ser um grande legado desta COP30”, diz Haddad sobre Fundo Florestas Tropicais para Sempre
Com a
proximidade da COP30 em Belém, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad,
detalhou o Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em
inglês), durante o programa “Bom dia, Ministro” desta terça-feira, 7 de
outubro. A principal proposta que o Brasil levará à Conferência pretende
criar um novo modelo de financiamento para remunerar os países que
mantêm suas florestas tropicais preservadas.
“A
principal proposta do Brasil para a COP30 é um mecanismo de
financiamento de serviços ambientais. O que vem a ser isso? Criar um
fundo de investimento que possa captar, pagando juros baixos, emprestar
com determinado spread e usar esse diferencial de juros para remunerar
os países. Essa é a principal entrega que o Brasil pretende na COP”,
disse Haddad.
METAS AMBIENTAIS
O objetivo do fundo é captar recursos de países e da iniciativa
privada, pagando juros baixos, para depois usar o diferencial desses
rendimentos para remunerar os países que mantêm florestas tropicais em
pé. A meta inicial é levantar cerca de US$ 25 bilhões junto a governos,
com potencial para ultrapassar os US$ 100 bilhões com a entrada do setor
privado.
“Eu
acredito sinceramente que essa iniciativa pode ser um grande legado
desta COP. Agora, depende, como tudo que diz respeito ao meio ambiente,
da boa vontade do mundo rico. O papel da política é criar situações de
constrangimento, em que a pessoa não possa fazer outra coisa a não ser
fazer o certo”, afirmou.
SUL GLOBAL
Segundo o ministro, a proposta representa uma mudança de paradigma,
pois não se trata de doações, mas de investimentos, beneficiando todo o
Sul Global. “Se nós conseguimos constranger os países ricos a aportarem
recursos que não são doações, são empréstimos para um fundo de
investimento, nós vamos realizar um grande feito que vai beneficiar o
Sul Global, porque as florestas tropicais estão no Sul Global, vai
permitir manter esses pulmões, garantindo um meio ambiente mais saudável
para todo o planeta”, enfatizou o ministro.
COMPROMISSO BRASILEIRO
Haddad afirmou que as estratégias do governo brasileiro foram ousadas
em dois momentos: primeiro, ao decidir sediar a COP no coração da
Amazônia, para que o mundo conheça a realidade da região, e segundo, ao
anunciar na ONU o compromisso do Brasil de aportar US$ 1 bilhão no
fundo, antes mesmo da contribuição de países ricos.
“Foi uma
grande ousadia colocar as pessoas do mundo inteiro para conhecer a
realidade amazônica. A segunda ousadia foi no discurso da ONU ao dizer
que o Brasil se compromete com R$ 1 bilhão de dólares para o fundo. Ou
seja, países ricos não põem a mão no bolso e o Brasil diz: ‘eu vou
entrar com um bilhão de dólares’”, ressaltou Haddad.
INICIATIVA BRASILEIRA
O Brasil lidera os esforços pela criação do TFFF desde a COP28,
realizada em Dubai, em 2023. Para aderir ao TFFF, os países deverão ter
sistemas de gestão financeira transparentes e concordar em separar 20%
dos recursos especificamente para povos indígenas e comunidades
tradicionais.
PRODUTIVIDADE NA ECONOMIA
Na entrevista, outro tema enfatizado por Haddad, além das grandes
reformas, são as ações pontuais que auxiliam a melhora na economia. O
ministro registrou que a agenda microeconômica do governo, com um
conjunto de projetos, é fundamental para o aumento da produtividade da
economia brasileira.
Como
exemplo do impacto direto dessas ações, ele citou o caso do crédito
consignado para trabalhadores do setor privado, o programa Crédito do
Trabalhador, que estimula a competição entre os bancos e permitiu que
"muita gente saísse de uma dívida cara para uma dívida mais barata”.
“Quando
você fala em aumento de produtividade da economia brasileira, tem uma
dimensão microeconômica muito importante. Em seis meses, a gente colocou
mais R$ 40 bi na operação com juros mais baixos e cadentes [no Crédito
do Trabalhador]. A cada semana, o juro cai um pouquinho porque a
concorrência bancária ficou mais efetiva”, explicou.
Haddad
afirmou que já foi encaminhada ao Congresso Nacional uma lista com
projetos que estariam prontos para aprovar. Entre as propostas estão
temas como infraestrutura bancária, Lei de Falências e Inteligência
Artificial. "Tem uma dúzia de projetos ali que estão maduros para
aprovar e que têm impacto micro e no ambiente de negócio. Muito
importante para o Brasil continuar atraindo a atenção do mundo, dos
investidores, gerando emprego e tudo mais", enfatizou.
MEDIDAS FISCAIS
O ministro da Fazenda também destacou que o governo não sairá da mesa
de negociação e seguirá trabalhando para construir um acordo com o
Congresso Nacional em torno das medidas fiscais.
“Numa
democracia, você vai sentar na mesa, você vai negociar. Eu não me lembro
de nenhuma proposta econômica do governo que saiu igual ao que entrou. E
eu não estou dizendo que saiu pior. Saiu diferente. Porque o congresso
ouviu todo mundo, o congresso ouviu os interessados, os argumentos e
ele, com a sua autonomia, com a sua independência, tomou a decisão”,
explicou.
Ele
também mencionou a parceria com o Legislativo, retomada após anos de
conflito entre os Poderes. “O governo Lula, em parceria com o Congresso
Nacional, fez a maior Reforma Tributária da nossa história, tanto do
consumo e agora da renda. Isso tudo precisa ser valorizado. Nós vamos
olhar para aquilo que o Congresso tem entregado na negociação, enaltecer
a parceria entre os três poderes, que está acontecendo depois de muitos
anos de conflito, inclusive parceria federativa está acontecendo com
estados e municípios, e vamos fazer a agenda avançar”, enfatizou Haddad.
Questionado sobre a pauta da tarifa zero no transporte público, o ministro informou que o governo está, a pedido do presidente Lula, realizando uma "grande radiografia do setor". O estudo visa mapear todos os custos, subsídios públicos, aportes de empresas e o valor pago pelo trabalhador. "Nós vamos perseverar nesse estudo para apresentar uma radiografia do setor e nós verificarmos quais são as possibilidades de melhorar isso, que tem um apelo social muito forte. Nós estamos, nesse momento, atualizando esses estudos", afirmou.
QUEM PARTICIPOU
O “Bom Dia, Ministro” é uma coprodução da Secretaria de Comunicação
Social da Presidência da República (Secom/PR) e da Empresa Brasil de
Comunicação (EBC). Participaram do programa desta terça-feira a Rádio
Nacional de Brasília, Amazônia e Alto Solimões (EBC); Rádio Bandeirantes
(São Paulo/SP); Rádio Verdinha (Fortaleza/CE); Portal Primeira Página
(Cuiabá/MT); Rádio Nova Brasil FM (Brasília/DF); Rádio Gaúcha (Porto
Alegre/RS); Portal A Tarde (Salvador/BA); e Rádio CBN (Belém/PA).
Fonte: Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República