Em 15 de dezembro de 1909, uma mulher negra baiana escrevia seu nome na história do Brasil. Natural de São Félix, no Recôncavo Baiano, Maria Odília Teixeira formava-se pela tradicional Faculdade de Medicina da Bahia, tornando-se a primeira médica negra do país e também a primeira professora da mesma instituição, cinco anos depois. Sua tese abordou o tratamento da cirrose, tema ousado para a época, e destoou do padrão das poucas mulheres que se formaram antes dela, que se concentravam em áreas como ginecologia e pediatria.

Filha de um médico humilde, José Teixeira, e de uma mulher negra, Maria Odília superou obstáculos sociais e raciais que pareciam intransponíveis para a época. Aos 13 anos, deixou São Félix rumo a Salvador, onde estudou no Ginásio da Bahia e mais tarde ingressou na faculdade. Seu domínio de cinco línguas e o amor pelo saber eram tamanhos que surpreendiam até mesmo os professores. 

Esse legado ganha uma nova forma de reconhecimento. No dia 8 de agosto, o centro cirúrgico da Alclin Hospital de Olhos, no Itaigara, em Salvador, será nomeado em sua homenagem. A cerimônia, marcada para às 19h, contará com outras homenagens a figuras marcantes da família Lavigne, como Dr. José Leo Lavigne e Dr. Marzio Azaro, pai e amigo do diretor da Alclin. A celebração conecta o passado pioneiro da médica à modernidade tecnológica da Alclin, referência em exames e cirurgias oftalmológicas há mais de 35 anos.

Sua trajetória tornou-se, em 2019, tema de uma dissertação na Universidade Federal da Bahia e segue viva na memória de descendentes, muitos dos quais seguiram carreira médica. “É uma honra poder eternizar o nome da minha avó, Dra. Maria Odília Teixeira Lavigne, no centro cirúrgico da Alclin. Este gesto representa o reconhecimento de uma trajetória de superação, coragem e pioneirismo. Que a história dela inspire profissionais e pacientes que passam por aqui, lembrando-nos da importância de construirmos uma medicina mais humana, inclusiva e de excelência”, declara o diretor presidente da Alclin, Dr. André Luis Lavigne.

Por Helder Azevedo