
Dr. Plácido Faria / Foto: Arquivo Pessoal
ARTIGO - O que o homem é? – Por Plácido Faria
Definir o que são seres vivos é tarefa para cientistas, mas, saber o que o homem é, trata-se de uma tarefa complexa, pertencente ao mundo secreto do inconsciente, ou, talvez, segredo fora do alcance para os mortais.
Com a chegada da pandemia, a indagação acima fica mais difícil de resposta. Se de um lado nos deparamos com milhares de homens e mulheres trabalhando para os enfermos do coronavírus (COVID-19); de outro lado, paradoxalmente, assistimos milhares de pessoas encerrando o ano em grande estilo, com muita festividade, dançando e comemorando sabe-se lá o quê. Neste clima, permaneciam indiferentes aos quase 200 mil brasileiros que foram a óbito, e o pior transgredindo todas as recomendações da comunidade científica, notadamente o distanciamento social.
De outro giro, é incompreensível que a morte de um ídolo comova todo um país, e que o óbito de milhares de irmãos no mundo seja encarado como um fato insignificante. Como compreender a mente humana?
Mas não é só. A irracionalidade humana que parecia submersa, emergiu-se inexplicavelmente, num momento de dor, em que as atitudes deveriam ser de amor, solidariedade e fraternidade. Notem bem até onde chega a maldade da pequenez humana, em plena pandemia a corrupção não cessou, inúmeros casos foram noticiados de desvios de verbas públicas para o combate deste flagelo que assola a humanidade.
Além do mais, é inquietante o desprezo às opiniões científicas que foram a tônica constante, apelaram para o “achismo", menosprezando a letalidade do vírus. Indivíduos, sem nunca terem passado nem perto de uma faculdade de medicina, por encanto, tornaram-se médicos.
O último fato recente foi estarrecedor: a falta de oxigênio em Manaus. O Estado não se preparou, apesar de ter sido alertado há pelo menos 4 dias, antes do caos, segundo o procurador da República do Amazonas, Igor Spindola. Não bastasse a inércia do Estado, um empresário “visionário”, estocou vários cilindros com oxigênio, para vender mais caro em tempo oportuno. Inacreditável!!!
A pandemia, assim como a corrupção, andam lado a lado nos rincões e algumas capitais do Brasil, se quiserem investigar o destino do dinheiro alocado para combater a pandemia, aí sim, a tristeza é infinita.
O filósofo Arthur Schopenhauer, via a existência como palco de um teatro, onde foi atribuído um papel a cada um: aquele era o rei, este o conselheiro, aquele outro vive o papel de criado; enfim, todos em suas respectivas personagens, cujas variantes de posição são aparentes, porque na verdade são todos iguais, não passando de meros atores em suas ascensões e quedas.
O que o homem é? Não sei. A única certeza é biológica, somos mortais.
Plácido Faria é advogado e comentarista político
Colaborador do jornal O Candeeiro / placido@yahoo.com.br