Foto: Divulgação/Arquivo O Candeeiro
Bahia em alerta: dengue avança e desafia estratégias de prevenção
Segundo dados do Ministério da Saúde, os casos de dengue, na Bahia, cresceram 120% em 2024 e a tendência é que, com a alta temperatura e as chuvas de verão, haja um aumento nos próximos meses dos casos de contaminação, sobretudo, com a adaptação do mosquito a ambientes antes considerados pouco propícios para sua proliferação, como bandejas de geladeiras e reservatórios de ar-condicionado.
Para a médica e professora da Afya Salvador, Adriana Lessa, o período de calor e chuva é crítico para o aumento dos casos de dengue na Bahia porque as altas temperaturas aceleram o ciclo de vida do inseto e a replicação do vírus, enquanto as chuvas favorecem o acúmulo de água parada em recipientes e ambientes domésticos, que funcionam como criadouros. “Com mais mosquitos e maior sobrevivência do vetor, a transmissão do vírus se torna mais rápida e frequente, elevando os índices de dengue, principalmente nos meses quentes e úmidos do ano”, afirma.
Se antes o mosquito dependia mais de quintais ou terrenos baldios, hoje ele se tornou um vizinho de apartamento, silencioso e resistente, com focos nas regiões centrais de Salvador, contrariando a ideia de que a dengue é um problema somente das periferias.
“O mosquito Aedes aegypti se adapta facilmente a qualquer ambiente urbano, independentemente das condições socioeconômicas. Hoje, os surtos de dengue atingem todas as classes sociais e regiões, inclusive áreas centrais e condomínios. O que diferencia os locais com maior incidência é, muitas vezes, a infraestrutura urbana, o saneamento e o engajamento da população nas medidas preventivas’, explica a médica e professora da Afya Salvador.
Outros fatores que preocupam especialistas são o uso inadequado de repelentes, a falsa sensação de segurança após uma primeira infecção pelo Aedes aegypti, e a desinformação, sobretudo com o avanço das fake news que trazem receitas caseiras para eliminar o mosquito ou falsas promessas de imunidade, estimulando a demora na busca pelo atendimento médico e, consequentemente, os de complicação da doença.
“A desinformação tem sido um grande obstáculo no combate à dengue na Bahia, pois dificulta a adesão da população às medidas preventivas e de controle do mosquito. Notícias falsas, boatos e interpretações erradas acabam gerando desconfiança, apatia e por fim atraso no diagnóstico da doença. Acreditar em receitas caseiras e práticas sem base científica, não têm eficácia comprovada e podem gerar falsa sensação de segurança, levando as pessoas a negligenciar cuidados realmente eficazes. Além disso, elas podem causar reações alérgicas, intoxicações ou queimaduras, especialmente em crianças e idosos”, alerta Adriana Lessa.
A professora lembra também que, entre as medidas de prevenção estão a eliminação de água parada em vasos de plantas, pneus e garrafas, uso de repelentes, instalação de telas em janelas e portas e vacinação.
Por Flamarion Reis
