
O fruto do licuri é um dos insumos pesquisados pelo Impacta Bioeconomia, da Sudene. Foto: Joasouza (Depositphotos)
Projeto da Sudene contribui para a criação de Centro de Bionegócios e Estudos da Caatinga
As bases lançadas pelo programa Impacta Bioeconomia - iniciativa da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) voltada à valorização da biodiversidade dos biomas da área de atuação da Autarquia - estruturaram mais um projeto que vai fortalecer a convivência produtiva e sustentável com a Caatinga. Trata-se do Centro de Centro de Bionegócios e Estudos da Caatinga, equipamento que será instalado junto à Universidade Federal de Pernambuco e pretende estruturar novas pesquisas e modelos de negócio para aumentar a competitividade de empresas, cooperativas e pequenos produtores que atuam com a convivência produtiva e sustentável junto ao bioma. O equipamento foi contemplado com investimento de R$ 14,9 milhões por meio de edital lançado pela Financiadoras de Estudos e Projetos (Finep).
Embora
os projetos sejam distintos e contem com fontes próprias de
financiamento, o Impacta Bioeconomia serviu de modelo conceitual e
articulador para a construção da proposta submetida à Finep. A partir
das discussões e parcerias fomentadas pela Sudene, o projeto do novo
centro foi ampliado, incorporando outros grupos da Universidade Federal
de Pernambuco (UFPE) e instituições científicas e tecnológicas
parceiras, ganhando robustez técnica e abrangência institucional.
O
centro terá como foco a pesquisa de biomoléculas com potencial
econômico, a criação de uma extratoteca com compostos bioativos e o
desenvolvimento de bioinsumos e bioprodutos de alto valor agregado.
Também estão previstas pesquisas voltadas à produção de bioóleos e à
análise de aspectos legais, ambientais e comerciais das cadeias
produtivas da Caatinga. O objetivo é aproximar o conhecimento científico
das necessidades do setor produtivo e estimular novas oportunidades
econômicas para a população local.
Segundo
o professor Luis Alberto Lira Soares, do Instituto Nacional de Ciência e
Tecnologia do Complexo Econômico Industrial da Saúde (iCeis),
(ICEIS/UFPE), o centro representa um avanço importante para a ciência e a
bioeconomia regional. Ele destaca que o projeto permitirá o mapeamento
detalhado das cadeias produtivas baseadas em insumos naturais, gerando
informações estratégicas para agricultores, empresas e órgãos públicos. A
expectativa é desenvolver produtos com potencial de mercado nas áreas
de alimentos, cosméticos e medicamentos, respeitando normas sanitárias e
ambientais. Entre os itens a serem pesquisados, estão bioinsumos
associados à espécies típicas da flora do bioma - a exemplo do licuri,
umbu, maracujá de São Caetano - além de óleos essenciais e
biocosméticos.
Outro
ponto importante do projeto é a valorização dos saberes tradicionais e
das práticas sustentáveis. Serão promovidas ações para o uso responsável
dos recursos naturais da Caatinga, como a coleta sustentável de frutos,
sementes e plantas medicinais. Técnicas que preservam o solo e a
vegetação nativa, como as agroflorestas e agrocaatingas, serão
estimuladas como formas de combater o desmatamento e recuperar áreas
degradadas.
A
nova infraestrutura incorporada à UFPE eliminará gargalos históricos,
como a necessidade de enviar amostras para análise em outros estados, e
fortalecerá a capacidade de pesquisa da universidade. Os laboratórios
serão multiusuários e estarão disponíveis para pesquisadores, produtores
e gestores públicos, com possibilidade de uso gratuito por instituições
públicas. A expectativa é ampliar a qualidade das pesquisas e apoiar o
desenvolvimento de soluções que atendam diretamente à população do
semiárido.
Para
o superintendente da Sudene, Danilo Cabral, a criação do centro mostra o
potencial transformador de políticas públicas bem estruturadas. “É
gratificante ver um programa idealizado pela Sudene inspirar uma
iniciativa científica dessa magnitude. Estamos fortalecendo o
protagonismo da Caatinga como um espaço de oportunidades sustentáveis e
de desenvolvimento para o povo nordestino”, comentou.
O
programa Impacta Bioeconomia, que deu origem à proposta, foi lançado
com o objetivo de identificar ativos naturais da Caatinga, Mata
Atlântica e Cerrado que possam ser utilizados de forma sustentável,
inclusive na área da saúde. Com investimento direto de R$ 553 mil da
Sudene, o programa une instituições como a UFPE e a Universidade do Vale
do São Francisco (Univasf) para estimular a inovação, a ciência e a
sustentabilidade na Região.
Fonte: Sudene