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VOCÊ NÃO É OBRIGADO A RESPONDER O CHEFE FORA DO EXPEDIENTE, ALERTA ADVOGADO
Com a popularização do trabalho remoto e o uso constante
de tecnologias de comunicação, tem crescido o debate sobre o chamado
direito à desconexão digital — a garantia de que o trabalhador não deve
ser acionado por chefes ou colegas fora do seu expediente. Ainda sem uma
lei específica no Brasil, o tema já tem gerado decisões judiciais
favoráveis aos trabalhadores.
Segundo o advogado Cesar Maio, a
CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) já oferece base legal para
garantir o respeito aos horários de descanso.
“O direito à desconexão
não está explícito na lei, mas é uma extensão lógica das normas que
tratam da jornada, dos intervalos e da proteção à saúde do trabalhador.
Cobranças por mensagens, e-mails ou ligações fora do expediente podem
configurar horas extras e até assédio moral, dependendo da frequência e
do tom do contato”, explica o especialista.
É importante ressaltar
que cada caso é único e a configuração de horas extras ou assédio moral
dependerá da análise das circunstâncias específicas, como a frequência, a
intensidade e o teor das comunicações fora do horário de trabalho.
O
direito à desconexão tem sido defendido como um instrumento de
preservação da saúde mental e de combate ao esgotamento profissional. A
Organização Mundial da Saúde (OMS) já reconheceu a síndrome de burnout
como um distúrbio relacionado ao trabalho, e a hiperconectividade
constante é uma das causas frequentemente associadas.
“A ideia de
que o funcionário precisa estar sempre disponível é incompatível com o
princípio do respeito à dignidade no ambiente de trabalho. O tempo de
descanso é parte do contrato psicológico e essencial para manter o
rendimento e o equilíbrio emocional”, acrescenta Cesar Maio.
Na
Europa, países como França, Itália e Portugal já têm legislações
específicas que garantem o direito à desconexão. No Brasil, o tema
avança timidamente no Congresso, enquanto decisões judiciais têm
reconhecido o tempo de conexão fora do expediente como extensão da
jornada.
Para o especialista, o ideal é que empresas adotem
políticas claras de comunicação e limites de horário, evitando abusos e
promovendo uma cultura corporativa mais saudável.
“É papel do
empregador orientar seus gestores sobre os limites legais e humanos da
jornada de trabalho. Criar regras internas para o uso de ferramentas
digitais fora do expediente pode evitar litígios trabalhistas e
preservar a saúde da equipe”, finaliza o advogado.
Dicas para proteger seu direito à desconexão
Estabeleça limites claros
Informe
sua liderança sobre sua disponibilidade e horários de trabalho. Deixe
claro que não responderá fora do expediente, exceto em casos
excepcionais.
Desative notificações de trabalho após o expediente
Silenciar e-mails e grupos profissionais no celular pode ajudar a preservar sua saúde mental.
Documente abusos de comunicação
Caso
mensagens insistentes sejam frequentes fora do horário, salve
conversas. Isso pode servir como prova em caso de ação trabalhista.
Converse com o RH ou sindicato
Se houver dificuldade em impor limites, busque apoio interno ou jurídico.
Conheça seus direitos
A
CLT protege o trabalhador quanto à jornada e ao descanso. Excesso de
cobrança fora do expediente pode gerar direito a horas extras ou
indenização por danos.
POR DAIANE BOMBARDA