Por Doro Jr. e Deborah Mamone

Quatro medalhas, as melhores marcas da carreira e muita comemoração. A sexta edição dos Jogos Pan-Americanos de Surdos, em Canoas (RS), terminou com dois ouros e duas pratas para a pernambucana Maria Eduarda Melo Medeiros, a Madu. Surdoatleta, ela integra a equipe do Time Nado por Tudo, do Instituto Etiene Medeiros (IEM), e vem conquistando resultados inéditos em competições nacionais e internacionais. Nesta semana, já volta à piscina para disputar o Campeonato Brasileiro de Surdos, em Salvador (BA).

Madu integrou a seleção brasileira de natação que esteve no Pan, em novembro, com ouro nos 100 e 50 metros livres e prata nos 100 e 50 metros costas. E quem, também, esteve na equipe do Brasil na competição foi Antônio Coutinho, coordenador técnico do IEM, fazendo sua estreia como treinador junto aos surdoatletas. Uma conquista inédita para Pernambuco. 

“Uma alegria, sempre, poder representar o País. Eu conto com a melhor equipe multidisciplinar do mundo em busca dos resultados. Tenho muito que agradecer a todos que estão comigo nessa trajetória e ao meu treinador, Antônio Coutinho, que me abraçou e acreditou no meu potencial. Vamos em frente”, afirmou Madu, 22 anos, que foi estagiária de Educação Física do IEM e com os tempos conquistados já tem índice para a Surdolimpíadas 2025, que será realizada em Tóquio, no Japão.

Antônio Coutinho integrou a comissão técnica como treinador principal e destaca a experiência na seleção, tendo estudado a Língua Brasileira de Sinais (Libras) para realizar o trabalho junto à equipe.

"Ter participado do Pan-Americano foi incrível, gratificante demais. Primeiro por estar representando o Brasil, em um torneio continental, para qualquer profissional que trabalha na área esportiva já é motivo de orgulho. E o fato de ter sido a minha primeira experiência com a comunidade surda. Foi impactante. Eu me senti do outro lado e me despertou a necessidade do trabalho da inclusão, da visibilidade da pessoa surda. Com certeza, quero repetir e trabalhar, também, na militância, no estudo de Libras, do seu aprendizado", explicou Coutinho.

Núcleo de aulas para surdos – Assim, partindo dessa experiência no Pan, o IEM, em parceria com a Federação Pernambucana Desportiva de Surdos (FPEDS) e o Governo do Estado, está estudando a implementação de um projeto de aulas de natação para surdos. Ainda em estudos, com previsão para ter início no próximo ano, o objetivo é que o novo projeto do Instituto reúna 20 crianças.

Fundado pela nadadora pernambucana Etiene Medeiros, o IEM tem como missão transformar vidas por meio do esporte, da educação e da cultura, sempre focando no desenvolvimento integral.

IEM, Educação e esporte como ferramentas de transformação social - O IEM une educação e esporte como ferramentas de transformação social. As atividades são realizadas no Complexo Esportivo Santos Dumont, em Boa Viagem, Recife (PE), de terça a sexta-feira e são gratuitas. O IEM busca proporcionar desenvolvimento integral às crianças e jovens que participam do projeto, com foco na natação e no combate às desigualdades de raça, classe e gênero. Os alunos fazem parte da rede pública de ensino do Estado de Pernambuco e precisam participar de até 75% das atividades mensais do IEM para garantirem permanência no projeto.

Etiene Medeiros - Primeira brasileira a conquistar uma medalha de ouro em um Mundial de Natação, Etiene está entre as melhores do mundo nos 50 metros costas há seis anos. Antes do título em 2017, em Budapeste (HUN), foi quarta colocada no Mundial em Barcelona 2013 e bronze em Kazan 2015. Ela também é bicampeã do mundo em piscina curta (Doha/2014, quando bateu o recorde mundial, e Windsor/2016), além da vitória no revezamento medley misto em 2014. Em 2019, acrescentou mais uma medalha em Mundiais, a prata nos 50 m costas. Única brasileira bicampeã pan-americana de natação - ganhou ouro nos 100 m costas em Toronto, em 2015, e nos 50 m livre em Lima, em 2019 -, Etiene soma nove medalhas no Pan, sendo quatro no Canadá e cinco no Peru.

Fonte: ZDL Sports